A possibilidade do governo federal criar uma nova estatal para gerir os megacampos de petróleo na camada de pré-sal não anima os trabalhadores da Petrobras. Para eles, o debate esconde questões mais profundas que deveriam ser reavaliadas pelo governo, como a inserção das empresas estrangeiras na Petrobras e na exploração das reservas de petróleo.
O dirigente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo no Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Antony de Valle, defende que ao invés de criar uma nova empresa, o governo reestatize a Petrobras. “O fato de estar sendo muito ventilada essa idéia de uma nova empresa que seria 100% estatal, a Petrosal, também esconde o debate dos pontos que a gente apresenta na campanha ‘O Petróleo tem que ser Nosso’. Porque pra gente é o ponto central. Se a gente acabar com os leilões, retomar as áreas já leiloadas e transformar a Petrobras em 100% estatal, resolveria o assunto”, argumenta.
Antony reconhece que o debate da reestatização da Petrobras é muito difícil, já que boa parte das ações está nas mãos das transnacionais do setor. Somente o fundo de investimento do especulador naturalizado nos Estados Unidos George Soros comprou recentemente US$ 811 mi de ações da empresa.
O sindicalista acredita que com vontade política e forças aliadas a Petrobras poderia ser reestatizada, mas alerta que seriam necessárias outras medidas para que o país volte a controlar o petróleo. A quebra do monopólio de exploração do mineral, determinado durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, resultou na perda total de soberania do Brasil no setor.
“O pagamento que é feito pelas empresas que exploram as áreas dos leilões é pequeno comprado à média nacional. Aqui, o país recebe 40% dos as transnacionais extraem; em outros países, chega a 80%”, diz. As reservas de petróleo na camada de pré-sal, chamadas Tupi e Iara, ficam a cerca de 7 km de profundidade da plataforma submarina. A camada abrange do Rio de Janeiro até o litoral de Santa Catarina.
(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque, 20/08/2008)