O diretor-presidente da Aracruz, Carlos Aguiar, disse ontem (20/08), em entrevista coletiva na Federasul, que o Rio Grande do Sul é o Estado brasileiro com mais restrições ambientais: “Tem a lei mais restringente dos Estados”, afirmou, embora o Zoneamento Ambiental da Silvicultura (ZAS), aprovado em meio a grande polêmica, seja considerado flexível demais por ambientalistas gaúchos e técnicos da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).
Ele assegurou que nos outros Estados onde a Aracruz opera - Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo - o aproveitamento da área para silvicultura é maior do que no solo gaúcho. No Rio Grande do Sul, segundo ele, é permitido plantar até 50% de uma propriedade de 100 hectares, enquanto que em São Paulo, é possível ocupar 65% do mesmo espaço. Também disse que a empresa esperava mesmo que no Estado o controle fosse maior.
Aguiar veio ao Estado para tratar de negócios e participou do evento Tá na Mesa, promovido pela Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul. O diretor-presidente garantiu que ainda não está consolidada a compra da empresa pela Votorantim Celulose e Papel.
Disse acreditar ser sempre “viável” uma empresa maior comprar outras empresas. E que a tendência são as empresas menores serem compradas pelas maiores. Deu o exemplo dos Estados Unidos e Canadá, onde visitou umas 120 empresas ao longo de sua trajetória profissional. “Hoje se tiver 30 é muito”, avalia.
Quanto à China, disse que as dificuldades para as empresas do setor são ainda maiores, não só no aspecto ambiental, mas principalmente no controle do Estado e na falta de mão de obra. Aguiar informou que 99% da produção da Aracruz é exportada, enquanto que a VCP comercializa com o exterior um pouco menos que isso. Lembrou ainda que o mercado interno já está ultra-abastecido por outras empresas.
Decisão Judicial
A Ecoagência perguntou a Aguiar sobre a recente decisão da Justiça Federal da cidade de Eunápolis (BA) que condenou a Veracel Celulose – cujo controle acionário de 50% é da Aracruz - e os órgãos ambientais estadual e federal – Centro de Recursos Ambientais (CRA) e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) – pelo desmatamento de área de Mata Atlântica no extremo sul baiano.
Ele disse que na época foram desmatados 60 hectares por uma empresa que não era a Acracruz. Ele acredita que a decisão poderá ser revogada em Brasília. Aguiar afirmou que a punição é muito rigorosa e que esse passivo já foi pago.
Pela ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF), a empresa terá que restaurar, com vegetação nativa, suas áreas de plantio de eucalipto entre 1993 e 1996, ou seja, uma extensão de 96 mil hectares. Também foi condenada a pagar uma multa de R$ 20 milhões.
(Por Sílvia Franz Marcuzzo, EcoAgência, 20/08/2008)