Candidato do PP se diz contrário a propostas de pedágio urbano e argumenta que criar obstáculos para o automóvel vai trazer desemprego
O candidato do PP à Prefeitura de São Paulo, Paulo Maluf, defendeu ontem, em entrevista à Rádio Sulamérica Trânsito, uma tese contrária à da maioria dos especialistas em trânsito: o automóvel, que em sua opinião representa "o sonho de todo jovem", deve ser estimulado e não reprimido na cidade. Quando prefeito, Maluf já havia cunhado outra frase polêmica sobre o mesmo assunto: "Congestionamento é sinal de progresso."
A idéia de incentivar o transporte individual em uma cidade com 6 milhões de automóveis, que procura alternativas para o trânsito - sob risco de um colapso -, traz vários questionamentos. "Não se pode criar obstáculos para o automóvel porque isso vai trazer o desemprego", argumentou Maluf, que se disse contrário a propostas de contenção do uso de carros como o pedágio urbano, defendidas por vários estudiosos da área.
Em sua opinião, em vez de regular o uso do automóvel, o Estado e as administrações municipais posteriores à sua deveriam ter investido em obras viárias que possibilitassem a circulação pela cidade.
Especialistas condenam essa tese. "Esse caminho é suicida e o candidato precisa explicar por onde os carros andarão. A cultura do automóvel é um câncer para uma metrópole como São Paulo e o correto seria reservar metade do sistema viário para os ônibus e fazer os carros disputarem o espaço restante, em prol do transporte coletivo", rebateu o especialista em tráfego Horácio Figueira.
TÁXIS
Durante a entrevista na Sulamérica Trânsito, emissora muito ouvida pelos taxistas, o candidato do PP fez questão de afagar a categoria em que sempre obteve boa votação. Disse que a tarifa de táxis é baixa - na verdade, a R$ 2,10 logo de saída é uma das maiores do Brasil, superior à de capitais como o Rio e Belo Horizonte, e bem maior que a de Buenos Aires.
"Não há caso de taxistas ricos com essa tarifa", afirmou o ex-prefeito, para em seguida elogiar a frota de táxis de São Paulo. "Quando vou a Buenos Aires e ando naqueles carros velhos, tenho medo de que uma mola aperte meu traseiro e em São Paulo não há esse problema."
De manhã, no Jaçanã, zona norte, os camelôs é que receberam afagos. Andando pelo comércio do bairro, Maluf parou em várias barracas e disse que em seu governo "a Guarda Civil Municipal vai se preocupar em correr atrás de bandidos e não de trabalhadores". Na véspera o ex-prefeito fez caminhada pelo comércio de Vila Formosa.
(Por Moacir Assunção, Folha de S. Paulo, 20/08/2008)