A geração de energia através da biomassa pode ganhar o reforço de mais um produto: a batata-doce. A Embrapa Hortaliças (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) deverá fechar uma parceria com a UFT (Universidade Federal do Tocantins) para ampliar os estudos visando a produção de álcool a partir da batata-doce.
Pesquisas nesse sentido acontecem na UFT há 10 anos que, inclusive, conta com uma usina piloto responsável pela produção diária de 150 litros de álcool de batata-doce, com os resíduos aproveitados para ração animal. O projeto contou com recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia.
"A tecnologia que existe atualmente já é aplicada, mas ainda vai evoluir. A UFT e a Embrapa podem fazer um trabalho conjunto com a batata-doce em termos de agroenergia", afirma o coordenador do projeto da universidade, Márcio Antônio da Silveira.
O chefe-geral da Embrapa Hortaliças, Celso Luiz Moretti, afirmou que pretende incluir na iniciativa a unidade de agroenergia da Embrapa e outras instituições de ensino e pesquisa com trabalhos na área. A área de hortaliças, os estudos se concentram na avaliação de materiais genéticos de batata-doce com aptidão para a produção de álcool.
De acordo com Silveira, a rusticidade, o ciclo curto de produção e a alta variabilidade genética são algumas das vantagens que a batata-doce apresenta na produção de álcool. Além disso, segundo o pesquisador, a produtividade dessa hortaliça pode chegar a 40 toneladas por hectare e o custo de produção do álcool obtido na universidade é de R$ 0,47 por litro.
Pesquisadores da UFT afirmam também que a batata-doce pode fornecer o chamado álcool neutro, de alta pureza, utilizado na fabricação de bebidas, vinagre, remédios e cosméticos. Eles explicam que o álcool resultante da batata é de alta qualidade, pois não apresenta a oleosidade característica de outras matérias-primas como o milho, a soja, a cana e a mamona.
No Brasil, Índia e em outros países da América Latina, África e sudeste asiático, o álcool combustível é produzido através da fermentação do caldo extraído da cana-de-açúcar. Nos Estados Unidos e China o produto é derivado do milho; e na Europa se utiliza como matéria-prima para o álcool a beterraba e, em alguns casos, a uva.
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Folha Online, 19/08/2008)