As comunidades indígenas do país estão em risco de desaparecer devido à falta de apoio para diminuir a pobreza em que vivem, alertou o presidente da Comissão de Desenvolvimento do Senado, Heladio Ramírez López. O legislador recebeu um documento do presidente da União e Força Indígena e Camponesa, Isidro Pedraza Chávez, no qual solicitam o apoio dos três níveis do governo para aliviar a fome entre os camponeses e indígenas mais pobres do México.
Sustentou que os terrenos de cultivo desse setor populacional são os que têm maior atraso e as manifestações de pobreza mais extremas, enquanto que suas antigas culturas e línguas são vistas como relíquias e testemunho de um passado morto e sem lugar nos tempos modernos.
As estatísticas que medem o nível de vida no México demonstram que as condições de vida das etnias estão sempre abaixo das médias que caracterizam a vida dos demais mexicanos, expôs o legislador do PRI. "Neste momento não há um só mexicano que não tenha tido um impacto negativo em suas finanças devido ao aumento dos produtos básicos, o que se intensifica nas zonas rurais pelo esgotamento da terra que afeta pelo menos a metade do campo mexicano", comentou Pedraza Chávez.
Em sua opinião, os intermediários são os únicos que obtêm lucros da venda de produtos elaborados pelos camponeses e indígenas pobres, já que os compram com antecedência e são os que controlam o mercado. A solução, considerou, é que os programas dirigidos ao combate à pobreza se somem a subsídios para a promoção da atividade produtiva e a capacitação dos produtores indígenas, disse Pedraza Chávez.
Macrina Ocampo Hernández, fundadora da Coordenação Nacional dos Povos Índios, afirmou que as áreas indígenas mexicanas têm uma afetação histórica e não há melhoria por falta de apoios.
"O aumento nos preços dos produtos básicos incrementa a pobreza nas zonas rurais e especificamente nas regiões indígenas, além de que a terra já não dá, já não alcança e as pessoas têm que ir para outro lado", lamentou. "Agora tudo custa por isso se sente a afetação total que gera migração, desintegração familiar e uma mudança de dieta que vai além do consumo de comida rápida como frituras e refrescos", asseverou.
A pobreza se observa também em rubricas como a saúde e a educação, porque as crianças continuam morrendo de doenças diarréicas, pois as clínicas estão longe das zonas separadas, carecem de instrumental e medicamentos, além de que somente médicos assistentes as atendem.
A Confederação Nacional Camponesa informou que chegou a 100% o aumento da cesta básica na zona da montanha de Guerrero. Nessa situação encontra-se a maioria da população indígena que corresponde a pouco mais de 10 milhões de pessoas e põe em risco de desaparecer 20 das 56 etnias que há no território nacional.
(CIMI, 19/08/2008)