A seca que a Argentina está a atravessar já provocou a morte de 400 mil vacas, prejuízos no sector leiteiro e está a afectar as plantações de trigo e girassol em algumas regiões. "A situação é muito complicada. É a pior seca em muitos anos e está a afectar de forma generalizada zonas distintas do país", advertiu hoje Omar Barchetta, secretário da Federação Agrária Argentina (FAA).
Aquela organização exigiu ao Governo argentino 500 milhões de pesos (163,9 milhões de dólares) para compensar os danos no sector. A morte das vacas provocada pela falta de água ocorreu nas Províncias de Buenos Aires, Santa Fé, Córdoba, Chaço, La Pampa e Santiago del Estero, situadas no Norte e Sul do país, enquanto o Sul do Estado de Santa Cruz declarou o estado de emergência agropecuária devido à seca que atinge a região desde há vários meses.
"A pecuária está a atingir o pior cenário. Não só milhares de vacas morreram, como no Sul também tivemos problemas com o gado. Além disso, não temos reservas de água para enfrentar a situação", referiu o dirigente da FAA.
Plantações em risco
A FAA tem previstas para os próximos dias manifestações e assembleias da produtores para alertar para a situação. Dirigentes da Confederação das Associações Rurais de Buenos Aires e de La Pampa confirmaram ainda que a falta de chuva também está a afectar as plantações de trigo e girassol.
Um relatório da Secretaria da Agricultura Argentina indica que em Julho, na região de Santa Fé, a plantação de girassol "é nula", enquanto que outras zonas "serão necessários novos abastecimentos de água" para manter as culturas. A seca está também a afectar a produção leiteira, já que a falta de água também prejudica o pasto para alimentar os animais, referiu à imprensa local o vice-presidente das Confederações Rurais Argentinas, Néstor Roulet.
O secretário da FAA referiu ainda que a falta de chuva irá afectar a exportação de trigo, assim como a comercialização de outros cereais. As exportações agrárias e de alimentos da Argentina rondam cerca de 35 milhões de dólares anuais, representando mais de 50 por cento das exportações totais do país, o maior produtor mundial de óleo e farinha de soja e um dos principais fornecedores de trigo, milho e girassol.
"Com o nosso pedido de ajuda de 500 milhões de pesos queremos evitar o agravamento da recessão de muitas cidades e vilas e o aumento do desemprego no sector rural", acrescentou o vice-presidente da FAA.
(Ansa, Ecosfera, 20/08/2008)