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extinção de espécies
2008-08-20

A vegetação nativa do noroeste paulista sofreu, nas últimas décadas, com altos índices de degradação ambiental. Ainda assim, continuam significativas na região as populações de carnívoros como jaguatiricas (Leopardus pardalis) e lobos-guará (Chrysocyon brachyurus), que, segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), estão ameaçados de extinção.

No entanto, um dos principais desafios dos gestores públicos e privados responsáveis pelo manejo ambiental na região é a dificuldade de adaptação desses animais às novas paisagens agroflorestais da região, cada vez mais fragmentadas.

A conclusão é dos biólogos Giordano Ciocheti e Maria Carolina Lyra-Jorge em pesquisa desenvolvida no Laboratório de Ecologia da Paisagem e Conservação (LEPaC), vinculado ao Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo (USP). O trabalho foi publicado na revista Biodiversity and Conservation.

A região perdeu cerca de 60% de sua vegetação original entre 1962 e 1992 e o que sobrou foi um mosaico de floresta, cerrado e áreas cultivadas, sobretudo cana-de-açúcar e eucaliptos. Ali, em trabalho de campo, os pesquisadores identificaram dez espécies de carnívoros, entre felinos e canídeos, em 18 meses de coleta de dados.

Do total de espécies encontradas, quatro estão ameaçadas de extinção: onça-parda (Puma concolor), jaguatirica (Leopardus pardalis), gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus) e lobo-guará (Chrysocyon brachyurus).

“Registramos cerca de 130 animais em 18 meses. É um número alto, considerando que os pontos de coleta de dados não tinham nenhum tipo de isca ou atrativo artificial. A idéia foi trabalhar com a freqüência espontânea dos animais”, disse Ciocheti à Agência FAPESP.

O trabalho, orientado pela professora Vânia Regina Pivello, do Departamento de Ecologia do IB, que também assina o artigo, envolveu uma área agroflorestal de 50 mil hectares nos municípios de Santa Rita do Passa Quatro e Luís Antônio, onde foram espalhadas 21 câmeras fotográficas para o registro dos bichos e mais 21 canteiros de areia para o registro de pegadas dos animais.

O critério de distribuição das câmeras e canteiros levou em conta a área total das diferentes classes de vegetação amostradas, entre as quais estão o cerradão, o cerrado em sentido estrito, a floresta semidecídua e a monocultura de eucalipto. O objetivo foi identificar as espécies de carnívoros presentes na área delimitada e saber como eles usam a paisagem.

Adaptação flexível

Os autores verificaram que os carnívoros encontrados na região têm utilizado a paisagem alterada pelo homem no interior paulista de maneira flexível. “Esses animais são mais adaptáveis a essas mudanças ambientais do que imaginávamos. Mas isso não necessariamente significa que estejam em boas condições de vida. Pelo contrário, eles estão sujeitos a novos riscos gerados pelas áreas alteradas, principalmente pelas monoculturas”, explicou Ciocheti.

Os pesquisadores observaram um número elevado de jaguatiricas se locomovendo pelos eucaliptais para alcançar outros fragmentos florestais. “Com isso, elas têm uma probabilidade maior de morrer por causa da fragmentação da floresta, devido a variáveis como o contato com insumos agrícolas. Identificamos também lobos-guará que morreram por enfisema pulmonar após terem aspirado fumaça das queimadas da cana-de-açúcar”, disse.

Segundo ele, outra causa de morte desses indivíduos é o atropelamento em pequenas estradas próximas às plantações de cana e eucalipto. Por outro lado, o estudo aponta que as plantações de monoculturas conectam trechos de vegetação original permitindo, assim, a sobrevivência das espécies e a melhor locomoção dos indivíduos.

“Mas quando o eucalipto é cortado, a cada cinco anos, a paisagem fica isolada e os animais podem habitar apenas um fragmento específico de vegetação, correndo o risco de exaurir os recursos naturais do local”, afirmou o pesquisador.

“Por isso chamamos a atenção, com esse estudo, para a necessidade de parcerias entre o meio científico, as empresas agroindustriais e os órgãos estaduais para a criação de mais áreas de proteção ambiental e para que o manejo dessas áreas agrícolas seja o menos impactante possível, aumentando a conectividade da paisagem e diminuindo o risco de mortalidade dos animais”, destacou Ciocheti.

Outras espécies que circulam na área estudada são jaritataca (Conepatus semistriatus), quatis (Nasua nasua), guaxinins (Procyon lotor), cangambás (Mephitis mephitis) e iraras (Eira barbara).

Segundo os pesquisadores, em relação à diversidade das espécies encontradas não foram verificadas diferenças significativas na ocupação dos fragmentos florestais, de modo que a comunidade carnívora como um todo explorou todas as áreas de estudo, independentemente da cobertura vegetal.

Os dados coletados serviram como base para a dissertação de mestrado de Ciocheti e para a tese de doutorado de Maria Carolina, ambas defendidas recentemente no Instituto de Biociências da USP.

O artigo Carnivore mammals in a fragmented landscape in northeast of São Paulo State, Brazil pode ser lido no site da revista Biodiversity and Conservation, em www.springerlink.com.

(Por Thiago Romero, Agência Fapesp, 20/08/2008)


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