BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu nesta segunda-feira (18) um prazo de 60 dias para que ministros e técnicos da área nuclear do governo lhe apresentem uma proposta de política nacional para o setor. A gestão dos rejeitos é considerada o grande gargalo para a conclusão das discussões.
Segundo fonte que participou da reunião do Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, convocada pelo presidente, há um consenso no governo de que a energia nuclear deve ganhar mais importância na matriz energética brasileira. Além de Angra 3, está em estudo a construção de outras quatro usinas nucleares. Integrantes do governo argumentam que a medida é essencial para garantir a segurança energética do país.
Para apresentar esse projeto ao presidente, no entanto, os diversos órgãos do Executivo têm ainda de chegar a um consenso sobre o destino do lixo nuclear produzido pelas usinas. Tal solução é considerada essencial para que o governo consiga o apoio da sociedade para a ampliação do número de usinas nucleares.
O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Odair Dias Gonçalves, disse na reunião que já há uma solução para os dejetos que garantiria o armazenamento seguro do lixo por mais de 500 anos. Atualmente, o Brasil guarda o lixo atômico em piscinas próximas às usinas. Recentemente, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que o atual modelo não satisfaz as exigências de sua pasta.
Segundo essa mesma fonte, Minc achou a sugestão do presidente da CNEN consistente. Cobrou, entretanto, mais detalhes.
Outro tema que ainda não tem consenso no colegiado é a estruturação institucional do setor.
Além do presidente Lula, de Gonçalves e Minc, participaram da reunião os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Edison Lobão (Minas e Energia), Nelson Jobim (Defesa), Roberto Mangabeira Unger (Núcleo de Assuntos Estratégicos), Sergio Rezende (Ciência e Tecnologia), Guido Mantega (Fazenda), Jorge Armando Félix (Gabinete de Segurança Institucional) e Reinhold Stephanes (Agricultura), além de representantes dos ministérios da Saúde e Planejamento, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e da Eletronuclear.
(Por Fernando Exman, Reuters, Estadão, 18/08/2008)