O ex-secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, João Carlos de Souza Meirelles, anunciou que pretende investir R$ 3 bilhões na construção de quatro usinas de etanol. Meirelles está à frente da Cluster de Bioenergia, empresa formada por 20 investidores, entre eles, instituições financeiras, construtoras e grupos petrolíferos.
"Fizemos no ano passado vários estudos de viabilidade econômica e elegemos os Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e Bahia para esses investimentos", disse Meirelles. Mas o Mato Grosso deverá levar a melhor. "Levamos técnicos para a região de Rondonópolis [sul do Estado] e deveremos investir em uma área onde a soja não vinga", disse.
Segundo Meirelles, essa região faz parte do bioma cerrado, área que não compromete a floresta amazônica. O ex-secretário afirmou que não haverá disputa da cana com área de soja. "Vamos plantar cana em uma área de 300 a 320 metros de altitude. A soja tem de ser plantada em áreas entre 400 e 500 metros de altitude."
Com 73 anos de idade, Meirelles disse que está muito longe de sua aposentadoria. "Tenho muito chão pela frente", brincou. Segundo ele, os 20 investidores, entre eles sua empresa, não têm nenhuma experiência no setor sucroalcooleiro. Mas isso não inviabilizará o negócio "Nossa empresa, de sociedade anônima, foi formalizada em dezembro do ano passado. Mas já estamos há um ano realizando estudos de viabilidade econômica em várias regiões do país."
A empresa de engenharia Fronteira Norte, presidida pelo Meirelles, foi uma das quatro companhias contratadas pela Cluster para realizar esses estudos no país. Meirelles afirmou que o grupo deverá assinar nas próximas semanas um protocolo de intenções para realizar os investimentos no Mato Grosso, onde também será construída uma fábrica de alimentos para gado bovino. Mas o martelo só será batido no mês de setembro. "Vamos aliar a produção de cana com a pecuária."
O projeto da Cluster contempla 12 milhões de toneladas de cana para os próximos cinco anos, com quatro usinas de etanol, que também deverão co-gerar energia a partir do bagaço da cana. Na primeira fase, a partir de 2012, duas usinas entrarão em operação. No ano seguinte, outras duas unidades iniciam os trabalhos. A meta é produzir 1 bilhão de litros de álcool.
Segundo Meirelles, parte dos R$ 3 bilhões que serão investidos virá de recursos próprios dos investidores. O restante será captado de um fundo de participações. "Se for necessário, vamos recorrer ao BNDES", disse. O ex-secretário não quis detalhar quem são os sócios da empresa, mas garantiu que são do eixo Rio-São Paulo.
Se confirmados os investimentos no Mato Grosso, o Estado terá em suas mãos dois grandes projetos nesse segmento. O grupo Brenco anunciou que vai construir uma usina na região de Alto Taquari. O braço de participação do BNDES será sócio dessa usina e de outras três que a Brenco está construindo no país.
(Por Mônica Scaramuzzo,
Valor Online, 19/08/2008)