Depois de reunir os presidentes da da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e do grupo Suez no Brasil, Maurício Bähr , o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, conseguiu fazer com que os consórcios que disputaram o leilão da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (RO), chegassem a um entendimento para evitar uma batalha jurídica em torno do projeto. "Os dois consórcios se entenderam e vão aguardar agora a manifestação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Ibama", disse Lobão, afirmando que as empresas acordaram que o que for decidido por estes dois órgãos será acatado.
A polêmica entre os consórcios começou após a vitória do grupo da Suez no leilão de Jirau. O Enersus venceu a licitação para Jirau com um preço 20% menor do que os outros concorrentes, mas esse valor só foi possível porque o consórcio previa uma mudança no local de construção: a barragem seria feita a 9 km do ponto original, num local conhecido como Cachoeira do Inferno. O Mesa, liderado pela Odebrecht, que também fez os estudos de viabilidade e tem interesse em construir os dois empreendimentos, não gostou da idéia e ameaçou ir à Justiça pedindo a anulação do leilão. A mudança precisa ainda do aval da Aneel e do Ibama para ser colocada em prática.
Usinas no Madeira
Junto com a barragem de Santo Antonio, a hidrelétrica deve gerar mais de seis mil megawatts, cerca da metade da potência da usina de Itaipu. Apesar de o governo ter concedido a licença, no entanto, a construção das usinas é contestada por ONGs e movimentos sociais. Ambientalistas e pesquisadores acreditam que a construção dessas usinas no rio Madeira, um dos principais rios da Amazônia, vai causar grandes impactos sociais e ambientais. Mais de 5 mil ribeirinhos vão perder suas casas e serão realocados para a criação da hidrelétrica.
As usinas podem também desencadear problemas sérios para a saúde humana, como a malária (a área das usinas é de alto risco epidêmico) e problemas com o mercúrio, que estão depositados no fundo do rio. Além disso, a construção do complexo pode resultar em mais desmatamento na Amazônia, e só o anúncio da construção fez com que aumentasse a migração para a região. A pressão populacional fez o desmatamento disparar: o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) anunciou no início do ano que o desmatamento em Rondônia aumentou 400%.
(
Amazonia.org.br, 129/08/2008)