A indústria nuclear teve uma idéia e tanto para vender usinas mundo afora. Hoje, é arriscado oferecer tecnologia de construção de usinas para países onde o uso pacífico da energia nuclear não é garantido. Teme-se que o combustível atômico e a receita para construir bombas caiam nas mãos de terroristas. Mas vender um kit para a pronta-instalação de reatores não parece irresponsável.
Pelo menos, aos olhos da indústria nuclear.Os kits, despachados via navio, já viriam com o reator pronto, assim como o sistema de refrigeração e aquecimento. Seria só ligar na turbina mais próxima e gerar eletricidade. O governo americano lançou um programa em 2006, o Global Nuclear Energy Partership, para estimular o desenvolvimento desses kits. Outros países estão na corrida, como Rússia, Japão e Índia. Esta última, assim como os americanos, já tem um modelo pronto.
Especialistas em segurança não acharam a idéia tão boa assim. Eles acreditam que será muito mais difícil garantir a segurança de sistemas pré-montados - alguns capazes de gerar energia durante 30 anos, sem precisar de reabastecimento. Nos modelos em que a troca de combustível é necessária, teme-se que as varetas com urânio sejam roubadas e parem em mãos pouco confiáveis. Isso já aconteceu na década de 1970.
Ambientalistas lamentam que tanto dinheiro seja investido em novos tipos de usinas e não no aperfeiçoamento de fontes renováveis. Em vez de países em desenvolvimento apoiarem sua matriz energética na energia nuclear, poderiam crescer se baseando nas renováveis. Parece que é um novo round na batalha da energia. Quem ganha com essa disputa?
(Por Marcela Buscato, Blog do Planeta, 18/08/2008)