A terra indígena Raposa Serra do Sol (RSS), localizada ao norte de nosso país, Brasil, no Estado de Roraima é habitada pelos povos indígenas Macuxi, Wapichana, Ingaricó, Taurepang e Patamona, todos com culturas e diversidades ligadas diretamente com o meio ambiente. É formada pelas montanhas, matas ciliares, rios, lavrados, buritizais e varias espécies de aves, animais, peixes e plantas que suavizam o ar e a própria natureza.
Com a chegada de invasões como: garimpeiros, fazendeiros e atualmente arrozeiros a população local teve impacto negativo na vida social tendo que viver no meio de poluição, violência e ser mão de obra escrava. A natureza teve mudanças drásticas, onde rios foram contaminados, lagos enterrados, peixes, animais e aves mortos, plantas tiradas tudo para dar lugar ao plantio ilegal de arroz que chegou para ocupar, poluir e destruir espaço.
Vários indígenas que vivem próximos sofrem com a poluição, quando os aviões laranjas sobrevoam o arrozal cheio de agrotóxicos. A saúde dos indígenas está contaminada com agrotóxico, um sistema de plantio que fere e mata. Em Roraima, os indígenas possuem o seu próprio sistema de plantio voltado para a preservação, onde a vida da natureza é respeitada. Não tem famílias indígenas passando fome em terras indígenas porque a base alimentar é formada pela diversidade nutritiva perene.
O plantio de arroz em terras indígenas desnutre e mata os povos indígenas, além de ser um produto que não fortalece a saúde porque é apenas um complemento, com pouco elemento de nutrição.
Com várias mudanças ambientais, os indígenas tiveram também que mudar para poder se adequar, iniciando pela saúde, onde surgiram várias doenças que o conhecimento indígena fica impotente para cura. Mas tudo se dá de acordo com a cultura por que indígena não vai atrás de doença.
Em algumas comunidades, a integração direta com o conhecimento do capitalismo introduzida pelo agronegócio está individualizando os indígenas tornando-os ditadores, longe de ser milionários porque não faz parte da cultura e sim o mata.
Assim, a política partidária roraimense e os ditos patriotas defendem a integração indígena na "sociedade" para novamente tentar realizar o extermínio cultural. Lembramos a todos que o BRASIL é formado por diferentes culturas e modos de vida. Não existe regra para ter uma vida saudável e sim o próprio conhecimento e diversidade irá lhe dar a oportunidade.
Os povos indígenas da Raposa Serra do Sol, mesmo no meio de tantas imparcialidades, acreditam que o meio ambiente somente terá a oportunidade de ter vida longe da poluição e destruição. A vida de qualquer ser não depende de decisões superiores para continuar existindo, mas depende de nosso próprio sentimento. E grande extensão de terras sendo destruída não vai matar a fome dos inocentes. Só o nosso próprio respeito e partilha poderá sanar a fome.
Povos indígenas e meio ambiente não se distanciam e nunca estarão desunidos. Enquanto o leito do rio é desviado para manter vivo o arroz assassino, os povos procuram alternativas para revitalizá-los. Enquanto planos de guerrilha são realizadas na Raposa Serra do Sol, os povos indígenas trabalham para continuar tendo a roça com produção farta para colheita e alimentar os povos.
O POVO WAPICHANA ESTÁ FIRME NA LUTA PELA RAPOSA SERRA DO SOL NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE, DIREITOS, DIGNIDADE E VIDA.
A todos os amigos da natureza e do meio ambiente, os povos indígenas em Roraima com essa informação conta com vosso apoio. E no dia 27 de agosto de 2008 será mais um marco histórico dos povos indígenas onde o STF irá decidir sobre o destino da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Os povos indígenas esperam que com a Terra Indígena homologada em área contínua continue longe das invasões e destruições e que o meio ambiente possa respirar e ter vida.
Raposa Serra do Sol -RR, 11 de agosto de 2008.
(Por Mario Wapichana *, Adital, 18/08/2008)
* Liderança indígena do povo Wapichana