Com 30 fotos do jornalista e fotógrafo ambientalista Adriano Becker, a mostra "Nosso Pampa Desconhecido" visa provocar um novo olhar para essa importante região do Rio Grande do Sul, diz o material de divulgação distribuído pela Fundação Zoobotânica do Estado. A abertura da exposição ocorre hoje, dia 19, às 17h, na Sala de Exposições Temporárias do Museu de Ciências Naturais/FZB-RS – Rua Dr. Salvador França, 1427 – Jardim Botânico de Porto Alegre.
Esta mostra é resultado de parte do trabalho realizado por uma equipe de pesquisadores da Fundação Zoobotânica do RS e faz parte do Projeto Biodiversidade RS, coordenado pela Secretaria do Planejamento e Gestão, com recursos do Banco Mundial e GEF. Ela permanece no Museu de Ciências até o dia 28 do corrente e segue, posteriormente, para a Expointer, no espaço do Governo do Estado – Pavilhão Internacional.
Riqueza dos campos sulinos
O Rio Grande do Sul é o único estado brasileiro que tem o bioma Pampa. Este ecossistema compreende uma área de cerca de 760.000 quilômetros quadrados, que inclui a metade sul do Rio Grande do Sul, o Uruguai e a região do Prata, na Argentina e forma um dos biomas mais extensos do planeta.
No RS o pampa ocupa cerca de 63% do território estadual, na metade sul do Rio Grande do Sul. É caracterizado por um conjunto de diferentes tipos de relevo e solos, recobertos por vegetação campestre ou de savana, em que predominam plantas herbáceas e arbustivas e divide-se em quatro regiões principais: Planalto da Campanha, Depressão Central, Planalto Sul-Rio-Grandense e Planície Costeira.
Considerando que a maior parte das espécies de plantas e animais domésticos, que hoje formam a base da nossa alimentação, originaram-se em ambientes dominados por campos e pradarias, o pampa é uma importante fonte de material genético. Os campos proporcionam, também, reposição da fertilidade do solo, controle de pragas agrícolas, da erosão e de inundações, polinização de cultivos, purificação das águas, recursos genéticos e oferecimento de ambientes para fins estéticos ou recreacionistas.
Das 136 ecorregiões do planeta, identificadas como exemplos da diversidade de ecossistemas do mundo, 35 são de campos e savanas. Quase metade dos 234 centros de diversidade de plantas reconhecidos no mundo incluem habitats de campos e savanas.
Estes centros de diversidade representam áreas com alta diversidade de gramíneas, onde as práticas de conservação podem proteger um grande número de espécies deste grupo. Longe de serem ecossistemas pobres em espécies, os pampas apresentam uma diversidade biológica bem distinta.
Diversidade de espécies
A região é uma das áreas do planeta com maior diversidade de espécies de gramíneas (capins e afins). Somente nos campos do sul do Brasil existem mais de 800 espécies diferentes de gramíneas e 200 de leguminosas (família do feijão), o que sobrepassa inclusive a riqueza de plantas encontradas em algumas selvas tropicais.
Doze por cento de todas as espécies de mamíferos e aves do Rio Grande do Sul vivem somente em campos, e muitas outras ocupam esse ambiente de uma maneira não exclusiva. Há várias espécies de animais e plantas endêmicas dos Pampas, ou seja, que não existem em nenhum outro lugar do Planeta.
Estas incluem oito espécies de aves, mamíferos como o tuco-tuco da região de Alegrete, e numerosas espécies de plantas, incluindo dezenas de espécies de cactos que só ocorrem em nossos campos.
Quinze por cento das 250 espécies ameaçadas de extinção no RS habitam somente campos, sendo seis mamíferos, como o veado-campeiro, o gato-palheiro e o lobo-guará, 25 aves, como a noivinha-de-rabo-branco, o veste-amarela, a águia-cinzenta, um réptil, três anfíbios e três espécies de abelhas nativas sem ferrão.
Áreas de preservação
As áreas de preservação de campos cobrem 7,6% da superfície total do bioma no planeta, mas estas áreas protegidas estão concentradas principalmente na África e Ásia. Estima-se que quase 50% da superfície de campos e savanas do planeta já estejam degradadas pelo uso humano, 5% em situação de extrema degradação.
A substituição dos pastos naturais por pastagens artificiais e o pastoreio intensivo têm reduzido o hábitat de muitas espécies animais e vegetais e a incidência do fogo, introdução de espécies forrageiras e atividade pecuária, têm levado algumas áreas ao processo de desertificação.
Os campos estocam aproximadamente 34% do carbono disponível em ecossistemas terrestres, enquanto as florestas aproximadamente 39% e os agroecossistemas cerca de 17%. Diferentemente das florestas tropicais, porém, onde a vegetação é a fonte primária do carbono estocado, a maior parte do carbono armazenado nos campos está no solo. Vinte e cinco das 145 maiores bacias hidrográficas do planeta são formadas por pelo menos 50% de campos.
(EcoAgência com informações da Coordenadoria de Comunicação Social/Fundação Zoobotânica, 18/08/2008)