Mudanças no clima provocam alterações na localização e no tipo de plantas presentes em uma determinada área que, em longo prazo, podem resultar na extinção de espécies de animais que dependem de determinados vegetais para sobreviver.
A conclusão é de uma pesquisa feita por Catherine Badgley, do Museu de Paleontologia e do Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, e colegas.
Os cientistas examinaram fósseis de 27 espécies de mamíferos no sítio arqueológico de Siwalik, no norte do Paquistão, e verificaram que, com as mudanças no clima da região durante milhões de anos, que passou de floresta tropical a savana, a maioria das espécies simplesmente não conseguiu se adaptar e foi extinta.
O novo estudo diverge de anteriores, que apontavam que mudanças climáticas globais não teriam um impacto tão grande na diversidade de mamíferos. O motivo é que esses animais seriam capazes de se adaptar às alterações, sobrevivendo no local, ou de mudar para outra área com melhores condições.
Os resultados do trabalho serão publicados esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).
Segundo os pesquisadores, há cerca de 8 milhões de anos, quando o clima na região paquistanesa se tornou parecido com o encontrado atualmente no leste africano, praticamente todos os mamíferos que dependiam de alimentos providos pela floresta anterior, como frutas e folhas, acabaram extintos.
A análise de registros fósseis revelou que até mesmo alguns dos animais que se alimentavam de gramíneas deixaram de existir. Para piorar, afirmam, poucas espécies novas substituíram as que sumiram.
O artigo Ecological changes in Miocene mammalian record show impact of prolonged climatic forcing, de Catherine Badgley e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.
(Agência Fapesp, 19/08/2008)