Com uma rotatividade rápida e produtividade alta, as florestas de eucalipto seqüestram mais poluentes do que matas nativas ou outros tipos de reflorestamento.
Com esse argumento, a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), entidade que reúne os fabricantes brasileiros (e também proprietários de florestas), tem realizado a defesa das chamadas florestas plantadas em fóruns internacionais, com o propósito de incluí-las nas discussões que definirão o futuro do Protocolo de Kyoto depois de 2012. O objetivo é permitir que as empresas do setor possam negociar créditos de carbono no âmbito das Nações Unidas.
"A floresta de eucalipto cresce em sete anos, o que é a metade do tempo médio de outras florestas", diz a presidente executiva da Bracelpa, Elizabeth de Carvalhaes. "Na fase de crescimento, essa floresta seqüestra mais gás carbônico do que matas nativas que são mais madura."
A representante do setor de papel e celulose deve apresentar essa tese durante a conferência da indústria florestal do Pacífico Asiático sobre mudanças climáticas, que acontece de hoje a quarta-feira, em Sidney, na Austrália.
Os números da Bracelpa indicam um saldo positivo entre a captura e a emissão de poluentes na atmosfera. Segundo a entidade, existem 1,3 milhão de hectares de florestas ditas plantadas de eucaliptos e pinus no Brasil responsáveis pela absorção de 63 milhões de toneladas de C02 por ano.
Nas contas da Bracelpa, as 220 fábricas de papel e celulose do Brasil emitiram 21 milhões de toneladas de poluentes. "O seqüestro de carbono das florestas é três vezes maior do que as emissões realizadas pela indústria", afirma Elizabeth, que acha que o Brasil por deter a maior extensão de florestas "plantadas" deverá liderar o debate sobre o assunto na reunião que acontecerá na Polônia, em dezembro, para definir as diretrizes de Kyoto pós-2012.
Os projetos de reflorestamento ficaram de fora da fase atual do protocolo, o que levou fabricantes brasileiros a aderir à Bolsa de Clima de Chicago (CCX) como forma de negociar voluntariamente seus créditos de carbono. Os negócios, contudo, são inexpressivos frente ao potencial que poderia ser gerado caso as florestas plantadas fossem incluídas no novo protocolo, segundo especialistas.
(Por André Vieira, Valor Online, 18/08/2008)