O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou à Folha que o argumento da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) sobre a necessidade de definir o tamanho do programa nuclear brasileiro antes de determinar as condições do depósito final de rejeitos é "uma desculpa esfarrapada". Segundo Minc, caso o depósito não esteja em início de construção dentro de quatro anos, Angra 3 não receberá a licença de operação.
Para Minc, a comissão já poderia escolher o local onde será instalado o depósito e elaborar a forma como o elemento combustível será transportado. O ministro afirma que, apesar de ser contra a expansão do programa nuclear brasileiro, participará de uma reunião hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e diversos outros ministros, em que será discutida a necessidade de criação de novas usinas nucleares no país. Até então, representantes do setor afirmam que se discute a hipótese de construção de 4 a 8 usinas no país.
"É a CNEN que vai dizer onde serão armazenados os resíduos, em que condições serão transportados. Nosso papel é dar a licença ambiental, não vou interferir no que é competência deles. Não darei licença de operação para Angra 3 sem que esteja escolhido, definido e em início de construção o depósito de rejeitos", disse o ministro do Meio Ambiente.
Caminhão de lixo
Na avaliação do ministro, não há necessidade de armazenar tudo em um único depósito. "Digamos que o governo decida construir três usinas no Nordeste, mesmo que com o meu voto contrário. Não necessariamente deve levar o rejeito de Angra 1, 2 e 3 para lá. Não vai atravessar o país com um caminhão de lixo atômico", disse. Afirma ainda que nada impede a CNEN de construir o depósito em módulos, de forma que, se houver expansão do programa nuclear, o local possa ser ampliado. (JL)
(Folha de S. Paulo, 18/08/2008)