O Rio Grande do Sul terá 785 mil hectares incluídos no Zoneamento Agroclimático da Cana-de-Açúcar. Segundo o Ministério da Agricultura, o estudo está pronto na Casa Civil, onde será definido de que forma será publicado. O zoneamento deve sair no prazo de duas semanas.
As regiões do Estado definidas para o cultivo de cana-de-açúcar são as Missões, Litoral e proximidades de Porto Alegre. Na avaliação do engenheiro agrônomo da Cooperativa de Biocombustíveis (Cooperbio), Marcelo Leal, o zoneamento da cana é positivo para os pequenos agricultores, desde que o cultivo não seja em monocultura e nem dispute terras com a produção de alimentos.
“A gente vem desenvolvendo alguns trabalhos na região de Frederico, que é uma região de topografia mais acidentada e de base de pequena agricultura pra gente construir experiências, soberania alimentar e energética, incluindo, o cultivo da cana-de-açúcar, mas não na forma de monocultivos, que é a proposta das outras indústrias”, diz.
Leal espera que no Estado não ocorra o mesmo que em São Paulo, onde a cana-de-açúcar substituiu a produção de carne e leite. A monocultura gerou concentração de terras e o conseqüente subemprego e, até mesmo, o trabalho escravo. Em Goiás, Minas Gerais e também em São Paulo, a cana substituiu principalmente o cultivo de feijão.
Situação semelhante acontece na Metade-Sul do Rio Grande do Sul com as monoculturas de pínus e eucalipto. Segundo o secretário-geral da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentos do Estado, Darci Pires da Rocha, em 2007, a monocultura reduziu em 50% os empregos nos frigoríficos da região. Também enfraqueceu a produção de alimentos da cesta-básica, como arroz, feijão e trigo.
“Os frigoríficos do Estado diminuíram a sua capacidade instalada, a quantidade de empregados, não por conta do mercado, o mercado está pedindo carne, o que está faltando é matéria prima, por conta desse encolhimento que as terras estão sendo disputadas para o plantio dessas árvores”, diz.
(Por Paula Cassandra, Agência Chasque, 15/08/2008)