Contrário ao projeto de urbanização da orla do Guaíba, um grupo ocupou a chaminé do Gasômetro
Neste domingo, um abraço simbólico às margens do Guaíba comemora os 20 anos da ocupação do topo da chaminé da Usina do Gasômetro, quando foi realizado um protesto por quatro integrantes da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan). Expondo uma faixa de 45 metros com a inscrição 'Não ao Projeto Praia do Guaíba', o grupo, formado por Gert Schinke, Gerson Buss, Sidnei Sommer e Guilherme Dornelles, permaneceu na torre por 8 horas. O ato alertava para a votação na Câmara de Vereadores de projeto que previa a urbanização da orla do Guaíba.
Essa proposta contemplava a construção de prédios residenciais e comerciais nas áreas que são atualmente os parques Harmonia e Marinha do Brasil. O protesto chamou a atenção da sociedade. Contudo, não impediu a aprovação do projeto pelos vereadores, que ocorreu um dia após a manifestação. Apesar do aval dado pela Câmara, a proposta em questão nunca foi efetivada.
Segundo Gert Schinke, a maior vitória foi a mobilização gerada com o ato. 'Queríamos chamar a atenção, mas o efeito foi muito maior do que o esperado', reconhece o historiador, que atualmente mora em Florianópolis (SC). Para ele, a construção do Parque Marinha do Brasil foi outro resultado importante do protesto. 'Hoje existe uma área de lazer. A idéia era que fosse um paredão de concreto com condomínios', ressalta.
Ele lembra ainda que, naquela época, existiam diversos movimentos organizados a favor da preservação do meio ambiente e da natureza. 'Havia um consenso dentro do governo para a aprovação do projeto. Não tínhamos espaço para mostrar o outro lado da história, essa foi a motivação do nosso ato', salientou. Para Gert, devido à complexidade do protesto, foram necessários vários dias para programar o ato, inclusive para fabricar a extensa faixa e programar o movimento.
Segundo Sidnei Sommer, outro integrante do manifesto, a faixa foi pintada na madrugada anterior ao protesto. 'Foi um movimento silencioso. Nos organizamos, pintamos a faixa e fomos preparados para ficar até dois dias no alto da chaminé', recorda. Ele lembra também que para subir na torre os manifestantes aproveitaram a obra que era realizada na parte de baixo da estrutura. 'Dissemos que era para tirar algumas fotografias, conseguimos uma escada e subimos', detalha Sidnei.
(Por Mauren Xavier, CP, 17/08/2008)