(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
passivos da mineração erosão
2008-08-18

Solo da cidade de 23 mil habitantes foi danificado pela mineração de ferro. Rachaduras vão forçar a transferência de cerca de 10% dos moradores.

Da extração do minério de ferro nasceu, em 1900, a cidade de Kiruna, no extremo norte da Suécia. Mais de um século depois, essa atividade, até hoje a maior fonte de renda do município, pode levar Kiruna literalmente às ruínas.

A excessiva exploração do subsolo gerou rachaduras profundas no chão sobre o qual vivem os 23 mil habitantes da cidade. Para continuar existindo, Kiruna mudará mais da metade do seu território, um caso inédito no mundo, segundo a prefeitura da cidade.

Os danos se concentram no Centro, onde estão os prédios históricos, as escolas e os hospitais. Cerca de 10% dos habitantes serão afetados em poucos anos, segundo a prefeitura de Kiruna. A solução encontrada foi “transportar” a parte condenada da cidade para uma região montanhosa a 4 km de distância.

Por enquanto, porém, a nova Kiruna é pura infra-estrutura. “Só pudemos fazer a parte ‘invisível’ da cidade até agora”, explicou ao G1 por telefone Lina Näsström, oficial de informação da prefeitura. “A rede elétrica, com duas estações de energia e 600 km de cabos, ficou pronta em tempo recorde e agora estamos construindo a rede de encanamento.”

A mudança das casas, dos habitantes, da linha de trem e das estradas acontecerá gradualmente, até 2013. Mas a finalização do projeto talvez leve 30 anos. Uma das principais preocupações é com a igreja da cidade, construída em 1913 e eleita pelos moradores o monumento mais bonito de Kiruna. Sua estrutura de madeira será desmontada peça a peça e depois reconstruída, como se fosse um brinquedo Lego. Algumas casas serão transportadas com a ajuda de caminhões e trailers, e outras serão refeitas do zero.

A cidade terá também que comprar do Estado sueco as terras onde a nova zona será construída.

O custo para tudo isso, disse Näsström, ainda é “incalculável”, ainda que a agência Reuters o tenha estimado em US$ 4,3 bilhões. Por enquanto, a LKAB, empresa mineradora de Kiruna que está arcando com a maior parte dos gastos de mudança, desembolsou cerca de US$ 150 milhões, segundo a prefeitura.

‘Tudo vai dar certo’
Interromper a mineração nunca foi uma alternativa, já que a cidade depende do dinheiro e dos empregos gerados por este negócio. “Se a mina diz que temos que mudar, vamos nos mudar”, comentou ao G1 por telefone o morador Peter Johansson.

Mas os kirunenses não parecem perturbados pelo futuro incerto. A maioria dos moradores consultados por telefone se diz empolgada com o projeto chamado Kirunaflytten, que significa “Kiruna em movimento”.

O próprio Johansson, que vende equipamentos para pesca em Kiruna, terá que mudar no ano que vem, porque sua casa está localizada muito perto do Centro. Até agora, ele não encontrou apartamento novo, porque “não há muitas opções. Seria necessário construir novos prédios”, disse. Mas ele está preocupado? “De jeito nenhum”, respondeu ao G1. “A mudança é interessante. Trará mais gente à cidade, será bom para os negócios.”

A equipe do hotel Scandic Ferrum, o maior de Kiruna, também já sabe que terá, em algum momento, um novo local de trabalho. “Sabemos que o hotel vai ter que mudar, mas não temos idéia nem quando, nem para onde”, contou por telefone a funcionária Katarina Hjäitll, lamentando que, por causa da incerteza, não poderá investir na construção de novos quartos para os hóspedes.

A igreja de Kiruna, que será desmontada e refeita como um brinquedo Lego. (Foto: Ola Rova/Kiruna Kommun) Mesmo assim, Hjäitll acredita que o hotel sairá no lucro. “O turismo vai crescer, porque a nova parte da cidade é muito bonita”, disse a funcionária, que também vai trocar de casa. “Estou animada, ainda que um pouco preocupada com os custos.”

Jarm Lindgrin, dono de uma loja de roupas, não vai ter que se mudar “pelo menos pelos próximos 15 anos”, mas também defende a mudança. “Por causa do projeto, muita gente no mundo está falando de Kiruna. Esta história nos colocou no mapa.”

A cidade, que está a 145 km acima do Círculo Ártico, recebe, por ano, cerca de 500 mil turistas, e suas temperaturas alcançam os 40 graus negativos no inverno.

Iniciativa inédita
Segundo o jornal "The Washington Post", outras cidades enfrentam desafios semelhantes ao dos suecos. O município chinês Pingxiang, por exemplo, também sofre por estar em cima de uma mina de carvão explorada há mil anos. Em Waihli, na Nova Zelândia, os problemas no solo são decorrentes da exploração subterrânea de uma mina de ouro. Nos EUA, cidades dos estados de Ohio e da Virgínia Ocidental tiveram suas estruturas de concreto reforçadas por motivos semelhantes.

Mas Kiruna é a primeira a decidir fazer as malas e se mudar. O vice-prefeito Hans Swedell disse ao jornal norte-americano, em 2007, que a idéia era aproveitar a oportunidade para transformar Kiruna em uma cidade ecologicamente correta e em “um modelo para comunidades que serão afetadas pelas mudanças climáticas e pela subida no nível dos oceanos”.

Mas o mais importante, disse Näsström ao G1, “é fazer uma cidade na qual os habitantes continuem se sentindo em casa”.

(Por Paula Adamo Idoeta, G1, 16/08/08)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -