Cientistas europeus estão desenvolvendo um novo equipamento portátil capaz de detectar a presença do vírus da gripe aviária em humanos e animais em apenas duas horas. O diagnóstico é feito com uma amostra da saliva do paciente ou um pedaço do tecido, em casos de infecção animal. A amostra é então colocada no aparelho, que detectaria moléculas específicas das diversas variantes do vírus, inclusive a letal H5N1.
O novo exame, cuja pesquisa faz parte do projeto Portfastflu, eliminaria a necessidade de enviar amostras ao laboratório e reduziria o prazo atual de diagnóstico, que leva cerca de uma semana. Segundo os pesquisadores da Universidade de Nottingham Trent, na Inglaterra, que participam do projeto, o equipamento poderia salvar vidas e prevenir epidemias.
O exame poderia detectar rapidamente a presença do vírus em pacientes doentes e identificar aqueles que foram infectados com a variante letal e que precisam de isolamento total. "A habilidade para detectar imediatamente a presença e a variante do vírus é essencial para pôr em prática medidas de controle o mais rápido possível e reduzir as chances de qualquer epidemia", disse Alan McNally, que participa da pesquisa.
Mutação
A H5N1, variante letal do vírus, é altamente contagiosa entre os animais, mas sua transmissão para humanos não é simples. Além disso, essa variante não passa de humano para humano. Os humanos normalmente são contaminados pelo contato com animais infectados, mas os cientistas temem que uma das variantes do vírus - possivelmente a H5N1 - possa sofrer uma mutação que quebre essa "barreira" entre espécies. Segundo os cientistas, o vírus poderia adquirir a capacidade de ser transmitido de pessoa para pessoa, o que poderia causar uma epidemia global perigosa.
Diagnóstico
Dezenas de milhões de aves morreram ou foram sacrificadas nos últimos anos como conseqüência da gripe aviária na Ásia, Europa, Oriente Médio e África.
Somente na Indonésia, 102 pessoas foram infectadas com o vírus da gripe aviária e quatro em cada cinco morreram pela contaminação. As chances de sobrevivência aumentam quanto mais cedo o paciente é diagnosticado. Caso a variante H5N1 seja detectada nos primeiros dias depois do contágio, o paciente pode ser tratado com drogas antivirais, o que aumentam as chances de sobrevivência de maneira significativa.
No entanto, um dos principais problemas é que os primeiros sintomas, como tosse e febre, são muito parecidos com o de outras infecções mais comuns, o que atrasa o diagnóstico do paciente. Por isso, os cientistas acreditam que o novo método de diagnóstico poderia também ajudar a salvar vidas. O projeto Portfastflu envolve pesquisadores ingleses, franceses, irlandeses, belgas e espanhóis e é financiado pela União Européia.
(Estadão Online, AmbienteBrasil, 15/08/2008)