Tipo de trabalho: Dissertação de Mestrado
Instituição: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP)
Ano: 2008
Autor: Alexandre Túlio Amaral Nascimento
Contato: alexandre@ipe.org.br
Resumo:
Comprometida com a compreensão da relação entre hábitat e uso do espaço pelo mico-leão-da-cara-preta (Leontopithecus caissara), esta dissertação se norteia por três perguntas: Diferenças de hábitat entre ilha e continente influenciam o tamanho da área de vida? Há predileção da espécie por alguma classe de vegetação dentro da área de uso? Qual a capacidade suporte em sua área de ocorrência continental, bem como nas áreas potenciais para seu manejo conservacionista? Na tentativa de elucidar essas questões esta dissertação se divide em três capítulos. O primeiro contextualiza o trabalho e a apresenta o estado atual de conhecimento de L. caissara. Os capítulos segundo e terceiro concernem às questões centrais do trabalho - uso e seleção do hábitat pelo mico-leão-da-cara-preta. No capítulo dois apresentamos o uso do espaço pela espécie em sua região continental de ocorrência e comparamos os resultados obtidos com as informações disponíveis para a Ilha do Superagui. No capítulo três tratamos da seleção do hábitat por grupos insulares e continentais de L. caissara e estimamos a capacidade suporte para a espécie considerando seus limites de ocorrência e as áreas passíveis de receber animais em situação de manejo. Ao final desses capítulos apresentamos algumas considerações e recomendações para pesquisa e conservação do mico-leão-da-cara-preta. A preocupação com uma postura crítica e construtiva acerca das metodologias de estudos e análises sobre uso do espaço por espécies animais é transversal aos assuntos tratados ao longo de todo o trabalho. Os resultados apresentados confirmam as grandes áreas de vida de L. caissara, as quais parecem ser compensadas energeticamente pela incorporação de novas áreas e abandono de outras ao longo do tempo. Os tipos de hábitats mais intensamente utilizadas pelos mico-leão-da-cara-preta intercalaram áreas de floresta madura e em clímax edáfico com áreas antropizadas em sucessão, ambos hábitats sobre pouco desnível altimétrico. A capacidade suporte estimada é aparentemente incapaz de sustentar uma população viável e ressalta a urgência de pesquisas genéticas que colaborem para a compreensão do histórico ecológico/evolutivo de L. caissara. Potenciais translocações com vistas ao aumento populacional devem considerar as amplas áreas de diva, a espacialidade dinâmica, a relação uso/disponibilidade do hábitat e as diferenças entre ilha e continente.