O consórcio Energia Sustentável do Brasil (Enersus) protocolou ontem na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o projeto completo da usina hidrelétrica de Jirau, a ser construída no Rio Madeira, em Rondônia. Desse projeto consta a proposta do consórcio de mudar o local de construção da usina, que vem causando polêmica com a Odebrecht, integrante do consórcio Jirau Energia, derrotado na licitação da obra.
Ao sair da agência, o presidente do Enersus, Victor Paranhos, disse que "a Aneel tem agora todas as informações para tomar uma decisão" e aceitar ou recusar a proposta da Enersus de construir a usina a 9 quilômetros do local previsto no edital.
Ontem em São Paulo o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou que o desmatamento da Amazônia sofreu redução "muito significativa" em julho. O ministro não quis antecipar os números, que serão divulgados na próxima semana pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). "Credito isso não só ao aumento da fiscalização, mas ao trabalho com as cadeias produtivas da madeira, do minério, da soja. Isso é mais eficiente do que simplesmente a fiscalização."
As empresas paulistas assinaram um acordo com o Ministério do Meio Ambiente se comprometendo a só comprar madeira nativa de origem legal e extraída de áreas de manejo florestal. O compromisso, assumido pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf,tem o objetivo de combater o desmatamento na Amazônia. "Conscientização sobre a questão ambiental o Brasil já tem. Estamos entrando agora na fase da execução", disse Skaf.
Segundo Minc, haverá um aumento da licitação de Flonas (áreas destinadas a concessões florestais) dos atuais 2 milhões de hectares para 4 milhões de hectares. Na prática, só poderão ser retirados 1/30 de floresta por ano. "Isso significa que, dentro de 30 anos, a floresta estará rigorosamente igual."
O pacto com a Fiesp faz parte de uma estratégia que o ministério vem adotando junto a cadeias produtivas para minimizar o desmatamento. Acordo semelhante foi assinado com a Abiove, entidade que representa exportadores de óleo de soja, que se comprometeram a não comprar soja de áreas de desmatamento da Amazônia.
Outro acordo foi feito com a Vale, no qual a mineradora se comprometeu a não fornecer minério de ferro a carvoarias e produtores de ferro-gusa que desmatam para produzir carvão com madeira nativa. Foram assinados protocolos também com exportadores de madeira do Pará e com os bancos públicos, que se comprometeram a não conceder crédito a empresas que desmatam.
(Por Leonardo Goy e Andrea Vialli,
O Estado de S. Paulo, 14/08/2008)