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eucalipto setor florestal neutralização de carbono
2008-08-14
O papel das empresas florestais diante do aquecimento global é de suma importância, pois se pode trabalhar para a atenuação do efeito estufa via formação de maciços florestais com espécies de rápido crescimento associados à manutenção dos biomas Mata Atlântica, Cerrados e Floresta Amazônica. As florestas regulam o regime hídrico, contribuindo para a recarga de aqüíferos e cursos de água, reduzindo o assoreamento, a erosão do solo e as enchentes. Elas também têm o potencial para armazenar parcela significativa das emissões globais de carbono, contribuindo para a redução dos estoques do gás na atmosfera. E, além disso, as florestas são fontes de produtos como óleos, frutos, madeira, fibras, lenha, medicamentos e mel que desempenham importante papel como fonte de renda e segurança alimentar, contribuindo para a sobrevivência e o modo de vida das populações tradicionais.

Fenômeno atmosférico de grande escala, o aquecimento global vem sendo comprovado por várias evidências e se estabelece como uma das grandes preocupações deste século. Catástrofes como furacões, enchentes, derretimento das calotas polares são atribuídas ao aumento da temperatura média da superfície da Terra.

E o que o eucalipto tem a ver com tudo isso? Para chegarmos a ele, é necessário antes lembrar que a atmosfera é formada por uma película de carbono, cujo efeito assemelha-se a uma estufa de plantas. Ou seja, quando o sol emite radiações infravermelhas, parte é refletida e parte é retida em nosso ambiente. O problema é quando esta película de carbono torna-se mais espessa. Então, com as emissões de gases - como o dióxido de carbono, monóxido de carbono e metano - temos altas concentrações desses na atmosfera, provocando um desequilíbrio entre a energia que entra e aquela que sai da Terra, gerando as mudanças climáticas e o aquecimento global.

As preocupações são tantas que hoje são formuladas iniciativas para reduzir os impactos e efeitos gerados, ou seja, não produzir ou remover o excesso de gás carbônico na atmosfera. E é aqui que as empresas florestais brasileiras podem e devem contribuir - e muito - para o sucesso dessa empreitada.

O papel dessas empresas neste contexto é procurar aprimorar sempre as técnicas de manejo florestal, além de estarem com as portas abertas aos grupos de pesquisa e às universidades, de modo que possam ter embasamentos técnicos e científicos para as várias questões que se tornaram mitos na área florestal. Uma delas é a visão distorcida a respeito da cultura de eucalipto de uma maneira geral e também a relação desta espécie com a redução do aquecimento global.

De tempos em tempos, surgem críticas ao plantio de eucalipto no Brasil, vindas, geralmente, de pessoas preocupadas com a preservação ambiental, mas com pouco suporte técnico-científico sobre a evolução da silvicultura em nosso país. É claro que tais preocupações são pertinentes, mas elas deveriam estar voltadas às atividades de desmatamentos ilegais, de destruição de reservas legais, de desrespeito às áreas de preservação permanentes. São crimes ambientais, relativos a qualquer cultura, não só ao eucalipto.

Quando se tem um manejo florestal adequado, os plantios de eucalipto, como todos os empreendimentos rurais, comprovadamente, contribuem para a regulação do fluxo e da quantidade dos recursos hídricos e para a estabilização do solo, absorvendo 10 toneladas por hectare ao ano de carbono, reduzindo, assim, a poluição e, conseqüentemente, contribuindo para a remoção de gás carbônico da atmosfera.

As certificações florestais também vêm avançando, no que tange às plantações florestais, usando os mesmos princípios e critérios para plantações e florestas naturais. É realmente um avanço, no entanto parece-nos apenas um detalhe, ao se avaliar as evoluções significativas das ações e políticas públicas para o setor, nos últimos anos.

Quanto aos projetos de pesquisa, esses servirão para embasar as ações que as empresas florestais realizam nas questões ambientais no Brasil. Já temos casos que demonstram a importância desta questão para as comunidades que vivem no entorno dos plantios florestais, que passam a conhecer, contribuir e, principalmente, entender que não é impossível mudar o cenário a que estamos sujeitos atualmente, e que as florestas de eucalipto podem e devem ser grandes aliadas na diminuição dos impactos e efeitos do aquecimento global.

(Por Hernon José Ferreira*, texto recebido por E-mail, 13/08/2008)
Hernon José Ferreira, engenheiro florestal, é gerente da Eucatex Florestal

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