Segundo o relatório, a região tem 688 mil km² para exploração de petróleoA Amazônia Ocidental, região onde se encontra uma a maior parte intacta da biodiversidade da floresta, poderá em breve ser coberta com plataformas petrolíferas e de gasodutos. É o que revela um estudo feito por pesquisadores da Universidade Duke, na Carolina do Norte (EUA), e pelas ONGs norte-americanas Terra é Vida e Salvem as Florestas das Américas.
Segundo a pesquisa, uma área de 688 mil km² na floresta amazônica já está dividida em lotes para exploração de petróleo e de gás natural. Os blocos demarcados coincidem com as áreas mais bem preservadas e de maior biodiversidade da Amazônia. Cerca de 71% desse território fica na Amazônia peruana, mas há regiões no Brasil, na Bolívia, no Equador e na Colômbia. "Descobrimos que os blocos de petróleo e de gás sobrepõem-se com a biodiversidade amazônica - aves, mamíferos e anfíbios", disse o co-autor do estudo, Clinton Jenkins, da Universidade Duke. "A situação de anfíbios é particularmente preocupante, porque eles fazem parte de um dos grupos de vertebrados mais ameaçados do mundo todo."
O levantamento, que será publicado hoje na Public Library of Science, mostra que cerca de 495 mil km² já foram concedidos a empresas para atividades de exploração e produção de petróleo e de gás natural. O resto foi demarcado, mas ainda será leiloado. Nos últimos quatro anos, aumentou o ritmo de demarcação dos blocos para exploração no Peru. Em 2004, eram apenas oito. Hoje, já somam 64. A empresa pública responsável pelo leilão dos lotes é a PerúPetro S.A.
O estudo também constatou que muitos desses blocos localizam-se em terras indígenas e de povos isolados. Estas populações isoladas, por não estarem em contato com outras populações, são extremamente vulneráveis a doenças, devido à falta de resistência natural.
Questões políticasNa segunda parte do estudo, os investigadores mergulharam na análise dos aspectos políticos relacionados com as atividades de petróleo e gás na Amazônia. Os autores destacaram novas vias de acesso como a maior ameaça individual.
O estudo também aborda as complexas questões políticas relacionadas aos povos indígenas. "A forma como a busca pelo petróleo está sendo feita na Amazônia Ocidental é uma grosseira violação aos direitos dos povos indígenas da região", afirmou Brian Keane, da Terra é Vida. De acordo com o pesquisador, os acordos internacionais reconhecem que os direitos humanos dos povos indígenas têm direito às suas terras e proíbe explicitamente a atribuição de concessões para explorar os recursos naturais nos seus territórios sem o seu livre e prévio consentimento.
No BrasilToda exploração de petróleo na região da Amazônia brasileira está concentrada na bacia do Rio Solimões. Duas empresas atuam na região: Petrobras e a argentina Oil M&S. Por enquanto, só o campo de Urucu, pertencente à Petrobras, está em produção. Cerca de 10% da área utilizada para exploração de petróleo na Amazônia ocidental encontra-se no País.
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Amazônia.org.br, 14/08/2008)