Alunos se mobilizam para recolher garrafas e caixas de leite
Alguns milhares de embalagens de garrafas pet e de caixas de leite longa vida vazias servirão para os alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Irmão Guerini, no bairro Ana Rech, conquistarem uma sala de lazer e cultura. O material reciclável não será vendido para arrecadar dinheiro para a compra de tijolos, mas, sim, utilizado na construção do espaço. Ecologicamente correto e com baixo custo, o centro deve ser inaugurado em setembro.
A idéia partiu da professora de educação física Neiva Spadari e ganhou adesão e contribuições de todos os professores e da direção. A tarefa de juntar as embalagens foi incluída na gincana em comemoração aos 50 anos da escola. Entre abril e o final deste mês, os cerca de mil alunos da escola arrecadam garrafas PET e caixas de leite com parentes e amigos. As peças contam pontos para as nove equipes da gincana (cada uma é composta por alunos de diferentes séries, do ensino fundamental ao médio). No final, todos serão vencedores, já que o Centro de Cultura e Lazer, como está sendo chamado, beneficiará toda a escola.
Estima-se que para a construção sejam necessárias 2,5 mil garrafas PET e 4 mil caixinhas de leite. Metade desse material já foi arrecadado. Colocadas horizontalmente e amparadas por velhos postes de luz, os plásticos PET formarão as paredes. Já as caixinhas servirão como telhas. A cobertura contará ainda com garrafas transparentes cheias de água misturada com água sanitária para garantir a iluminação natural.
- O projeto é muito interessante e estimula a reciclagem - avalia Priscila Juliana Machado, 13 anos, aluna da 7ª série.
O espaço medirá 58 metros quadrados, um pouco maior do que uma sala de aula convencional, e ficará no pátio da escola. Um dos coordenadores do projeto, o professor de história e geografia Flávio Carvalho, conta que os móveis do centro também serão feitos de garrafas PET. A sala contará com um banheiro, que utilizará água recolhida da chuva por um sistema de calhas.
- O espaço será utilizado para aulas diferentes ou para ensaios - diz o professor.
A escola tem banda marcial e Centro de Tradições Gaúchas (CTG), mas atualmente não tem um local específico para os ensaios. O centro começou a ser erguido no sábado passado, e o trabalho deve continuar neste final de semana. Uma das tarefas da gincana é conseguir pedreiros e carpinteiros que trabalhem voluntariamente na construção. A previsão é de que o espaço esteja pronto até o final de setembro.
O projeto ganhou adesão do Banco do Brasil, por meio do programa Desenvolvimento Regional Sustentável, que estimula iniciativas que resultem em ganhos sociais e ambientais. O banco procura fazer a ponte entre a escola e parceiros que possam contribuir. A Companhia de Desenvolvimento de Caxias (Codeca) também ajuda. A autarquia cedeu 12 contêineres onde são depositados materiais que não podem ser aproveitados. Eles serão encaminhados a associações de recicladores.
(Pioneiro, 14/08/2008)