A poluição do ar não provoca apenas problemas respiratórios, mas também ataca o sistema circulatório e o coração, revela um estudo divulgado pela revista "Journal of the American College of Cardiology". Segundo a publicação, os atletas que participam dos Jogos Olímpicos de Pequim não só deveriam estar preocupados com os efeitos tóxicos do ar em seus pulmões, mas também no coração e no sistema circulatório.
A poluição causa problemas de curto e longo prazo, prejudica o coração e os vasos capilares, aumenta as hospitalizações por problemas cardíacos e pode até causar a morte, afirma o estudo realizado por estudantes da Escola Keck de Medicina da Universidade do Sul da Califórnia. "Pensávamos que a poluição do ar era um problema que só prejudicava os pulmões. Agora, sabemos que também é ruim para o coração", afirmou Robert Kloner, diretor de pesquisas do Instituto de Cardiologia do Hospital do Bom Samaritano.
O estudo relata que, ao serem inalados, os poluentes provocam uma reação na qual as moléculas superoxidantes prejudicam as células, causam inflamação pulmonar assim como uma cadeia de efeitos nocivos no coração e as artérias e vasos capilares. O trabalho destaca que esses poluentes, principalmente os provenientes do escape de veículos a motor, entram na corrente sangüínea e lesam diretamente o coração e o sistema circulatório.
Isso se reflete imediatamente em uma redução do fluxo coronário, assim como na função do coração com uma tendência consecutiva às arritmias. "Não tem que haver uma catástrofe ambiental para que a poluição do ar cause lesões. Trata-se de pequenos aumentos. A poluição pode ser perigosa a níveis que estão dentro das normas aceitas de qualidade do ar", destacou Boris Simkhovich, do Instituto de Cardiologia.
Os autores do estudo também afirmam que, em zonas de alta densidade demográfica e poluição aérea, é maior a incidência de hospitalizações por problemas cardíacos, dores torácicas e até morte por arritmias e outros problemas do coração. As pessoas de idade avançada, os doentes do coração e os diabéticos são especialmente vulneráveis aos efeitos cardiovasculares da poluição.
(Efe, Ultimo Segundo, 14/08/2008)