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hidrelétrica de jirau
2008-08-13

Consórcio assume concessão e afirma que hidrelétrica pode parar de produzir após 4 ou 5 anos se não houver mudança na localização

Empresa aponta ameaça de acúmulo de sedimentos no local previsto inicialmente e cita relatório de especialista contratado pelo governo

O consórcio Enersus, vencedor do leilão da hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira, em Rondônia, informou que a usina poderá parar de produzir energia em quatro ou cinco anos após sua entrada em funcionamento, caso tenha de ser construída no local originalmente previsto no edital do leilão.

O motivo, segundo o presidente do consórcio, Victor Paranhos, seria o acúmulo de sedimentos na barragem. A usina tem potencial de 3.300 MW (megawatts) e é fundamental para o abastecimento de energia do país a partir de 2012.

Para oferecer a menor tarifa e vencer a disputa com o grupo Odebrecht/Furnas pela construção da hidrelétrica, o consórcio, liderado pela multinacional Suez Energy, modificou o projeto da usina, mudando sua localização.

Em vez da cachoeira de Jirau, o consórcio Enersus quer construir a hidrelétrica em um local chamado de Ilha do Padre, aproximadamente 9 km rio abaixo, na direção da cidade de Porto Velho.

Paranhos disse que a possível parada da usina por conta dos sedimentos foi constatada pelo especialista indiano Sultan Alan. "O maior consultor de sedimentos do mundo, que é o Sultan Alan, afirma que no eixo de Jirau aquela usina irá parar em quatro ou cinco anos por acúmulo de sedimentos", disse Paranhos.

Ele afirmou que não tem intenção de construir a hidrelétrica na cachoeira de Jirau. "O nosso eixo é sensivelmente melhor. Para que a gente vai mudar uma coisa que nós temos certeza de que é muito melhor ambientalmente, socialmente, do ponto de vista de engenharia? Não tem outro eixo para pôr energia em 2011", disse.

Parecer
O acúmulo de sedimentos e de madeira foi um dos pontos mais polêmicos do processo de licenciamento ambiental das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau. Contratado pelo governo federal por meio de convênio entre o Banco Mundial e o Ministério de Minas e Energia, Sultan Alan, o mesmo citado ontem por Paranhos, acabou sendo fundamental no processo de liberação ambiental das usinas.

Alan produziu um parecer no qual sugeriu ajustes em estruturas de concreto no projeto e nas comportas, de modo a facilitar a passagem de areias mais grossas e cascalhos pela barragem, assim como permitir a remoção de madeira flutuante e submersa. As sugestões do especialista indiano foram acatadas pelo consórcio que elaborou o estudo das duas usinas (Furnas/Odebrecht), e a licença prévia dos empreendimentos, fundamental para realização dos leilões, acabou sendo concedida.

Janela
Durante a cerimônia de assinatura do contrato de concessão no Palácio do Planalto, com presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Paranhos convidou membros do governo para a inauguração da usina em 31 de dezembro de 2011. De acordo com ele, esse prazo só poderá ser cumprido se a licença de instalação sair no mês que vem. Caso haja atraso, o consórcio perderá o que se chama de "janela hidrológica" para o início das obras.

A "janela" fecha em outubro, quando as chuvas aumentam na região, e só abre de novo em abril de 2009, quando as chuvas ficam menos intensas e a vazão do rio cai.

"Nós estamos com tudo pronto para começarmos as obras. Já estamos levando equipamentos para Porto Velho. Esperamos começar as obras em setembro", disse Paranhos.

(Por Humberto Medina, Folha de S. Paulo, 13/08/2008)

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