A chuva e o vento que atingiram o Rio Grande do Sul ontem começaram na tarde de segunda-feira, quando nuvens carregadas se formaram sobre a capital argentina, Buenos Aires, e provocaram queda de granizo em pontos da área metropolitana da cidade.

O mau tempo castigou o Estado no início da madrugada de terça-feira. De acordo com informações medidas pelo Instituto Nacional de Meteorologia, por volta da 1h, Uruguaiana, na Fronteira-Oeste, registrou rajadas de vento de 119,5 km/h. O vendaval derrubou uma torre de transmissão da AES Sul, danificando 105 postes na área rural do município e deixando aproximadamente dez mil pessoas sem luz.

Segundo a AES Sul, a prioridade é restabelecer o funcionamento da torre de transmissão, a qual também alimenta o município de Barra do Quaraí, que está totalmente sem energia elétrica e com pelo menos 20 postes danificados.

O vento chegou a 108 km/h na estação da Universidade Federal de Pelotas, derrubando a antena da rádio Cultura, que caiu sobre o prédio da emissora. Ninguém ficou ferido. Algumas casas foram destelhadas. Parte de uma construção caiu sobre o telhado de uma moradia, destruindo a sala da residência, mas sem lesões aos habitantes. Houve relatos de danos também no município de Rio Grande.

No Noroeste, teve destelhamentos em Panambi e caiu granizo em Bossoroca. Em Santa Margarida, no Centro do Estado, um CTG ficou destelhado por causa do temporal. Algumas casas e galpões também perderam telhas no município. Em Independência, a estrada foi fechada por meia hora devido à queda de árvores.

Em Porto Alegre, as rajadas de mais de 80 km/h trouxeram falta de luz em pontos isolados e problemas na rede de sinaleiras da Capital. Durante a manhã de ontem, havia estragos nos semáforos das avenidas Bento Gonçalves com Antônio de Carvalho e da avenida Farrapos com a rua Cairu e com a avenida Brasil.

O vento forte do final da madrugada na Capital fez com que três aeronaves que tentavam pousar no aeroporto Salgado Filho arremetessem. Dois aviões, um que vinham de Córdoba, na Argentina, e outro de Montevidéu, no Uruguai, seguiram viagem para o aeroporto de Viracopos, em Campinas. O terceiro avião, que vinha de São Paulo, foi desviado para Florianópolis.

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) registrou, até as 14h de ontem, 21 ocorrências de queda de árvores e galhos. A Smam trabalhou com 62 operários e nove caminhões para atender às solicitações. Na Zona Norte da cidade, foram oito ocorrências; na Zona Sul, quatro, e na Zona Leste, nove.

Excesso de chuvas adia obras de revitalização
Em função do mau tempo, a Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov) suspendeu os trabalhos de revitalização asfáltica da avenida Protásio Alves, no trecho entre a Antônio de Carvalho e a Otávio dos Santos (pista bairro-Centro) e na avenida Assis Brasil, no trecho entre a Sertório e a avenida dos Gaúchos. Assim que as condições do tempo permitirem as atividades serão retomadas.

Limpeza do sistema de drenagem reduz alagamentos na Capital
Mesmo com a chuva do início da manhã de ontem, o sistema de drenagem funcionou normalmente. Para o diretor da Divisão de Conservação do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), engenheiro Francisco Pinto, os alagamentos na cidade estão controlados devido ao constante trabalho de conservação da rede pluvial.

"De janeiro de 2005 até junho de 2008 fizemos 156 mil limpezas em equipamentos de drenagem e a dragagem de 250 mil metros de arroios, valos e canais. A limpeza de canalizações foi responsável por 702 mil metros de redes limpas e desobstruídas", destaca.

O trabalho preventivo de conservação e a manutenção geral das 18 casas de bombas do DEP, bem como a reforma geral das casas de bombas 1, 2 e 10 são os principais responsáveis pelo bom funcionamento do sistema de drenagem em dias chuvosos.

No último semestre o DEP limpou e dragou os valos da Chácara da Fumaça, no bairro Protásio Alves, da estrada da Taquara, do Arado Velho, além dos valos do entorno do Beco da Vitória, todos no Lami. Também foi dragado um trecho do arroio Cavalhada entre as avenidas Vicente Monteggia e Otto Niemeyer.

Destes locais, foram retirados 51,3 milhões de quilos de material como areia e entulho. Atualmente, o DEP executa a dragagem permanente do arroio Dilúvio. Desde outubro de 2006, já foram retirados 80 milhões de quilos de material. Também é feita a dragagem do arroio Sarandi, que se iniciou em abril deste ano e já retirou 12 milhões de quilos de material.
 
(Jornal do Comércio, 13/08/2008)