Em audiência pública promovida pela Comissão Especial de Fontes Renováveis de Energia da Câmara dos Deputados, o especialista Carlos Faria defendeu que a proposta do governo para reduzir o déficit habitacional no país seja acompanhada da implantação de um programa nacional de substituição de chuveiros elétricos por outros movidos a energia solar.
Diretor executivo do Departamento Nacional de Aquecimento Solar da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), Faria afirmou que a eliminação de um déficit habitacional de 8 milhões de moradias no Brasil implicaria o aumento de cerca de 7 mil megawatts no consumo de energia, apenas para suprir a demanda dos novos chuveiros elétricos. O montante equivaleria à produção de uma grande usina, a um custo de construção de mais de R$ 30 bilhões.
Questionado pelo relator da comissão, deputado Fernando Ferro (PT-PE), se a indústria nacional de aquecedores solares teria condições de suprir esse aumento de demanda, Carlos Faria respondeu afirmativamente e comentou que a capacidade produtiva do setor está ociosa.
Benefício social
Os benefícios da instalação de painéis solares nas habitações populares, segundo Faria, vão além dos ganhos para a economia energética. "Há também um benefício social direto para a população, com um aumento de renda. Nós chamamos de Bolsa-Família Solar, porque a família economiza de R$ 30 a R$ 50 por mês. E essa economia pode durar 20 anos, se o equipamento estiver com a manutenção adequada, o que é muito simples", destacou.
Representando a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Evandro Vasconcelos informou que as habitações populares financiadas pelo governo estadual já são construídas com painéis solares. Em sua opinião, uma política nacional de incentivo ao setor de energias alternativas poderia expandir esse tipo de experiência pelo País, além de trazer mais segurança ao sistema.
Vasconcelos destacou que o Brasil concentra quase toda a produção de energia elétrica na fonte hidráulica. "Se tivermos anos secos sucessivos, pode haver problemas. É necessário diversificar as fontes, para que tenhamos outras opções e para que a escassez de um recurso não comprometa todo o fornecimento de energia elétrica", disse.
Nova audiência
A comissão, que analisa uma política nacional para o setor, continua nesta quarta-feira (13/08) a série de audiências públicas com diferentes pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Centro Nacional de Referência em Biomassa.
(Por Ana Raquel Macedo, Agência Câmara, 12/08/2008)