Moradores da Rua Augusto Severo, localizada no Bairro São João, compareceram nesta terça-feira (12/08) à reunião conjunta das Comissões de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) e de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre para novamente reclamar da poluição ambiental causada pela empresa Moinho Estrela, situada naquela rua.
Os moradores já haviam pedido a intermediação da Câmara Municipal em 2005, quando a Cosmam discutiu o tema e visitou a sede da empresa. No período de transição até a transferência do Moinho Estrela para a nova sede em Canoas, as Comissões propõem que seja estudadas formas de redução do impacto ambiental e do incômodo causado aos vizinhos.
Segundo Idalina Fronza, representante dos moradores da Augusto Severo, há várias reclamações contra a empresa, desde 1997, na Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smam), na Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e no Ministério Público. Segundo ela, as toneladas de trigo que são diariamente transformadas em farelo pela fábrica geram um pó que invade as casas, causando inúmeros problemas de saúde. Idalina contesta as medições técnicas realizadas pelo Smam e pelo Ministério Público.
Os moradores também reclamam do barulho constante causado pelos caminhões de descarga e dos tremores decorrentes do funcionamento das máquinas da empresa, que fazem vibrar os vidros das residências e racham muros. "Até agora, nenhuma solução foi dada ao problema", afirmou Idalina. A moradora Neli Reche também reclamou do pó emitido pelo Moinho e do barulho dos caminhões da empresa. "É precso trancar as janelas para não haver trepidação." Para Suzana Land, também moradora do local, a empresa não colabora, apesar dos pedidos dos moradores. Segundo ela, há transtornos sábados, domingos e feriados. "Jamantas enormes tomaram conta da rua, que está um caos", disse.
O diretor industrial da Moinhos Estrela, Gerson Pretto, informou que o Moinho Estrela é uma empresa familiar, estando instalada naquele local há 37 anos. "Naquela mesma posição já existia um moinho desde a década de 1940." Pretto garantiu que a empresa atende todas as normas exigidas pelo Poder Público, bem como e obedece normas de convivência em relação à vizinhança. "Atendemos todas as reclamações na medida do possível. Aquela região não é uma zona residencial e sim uma zona mista."
O diretor informou ainda que o Moinho Estrela possui, atualmente, cerca de 400 funcionários e que não há nenhuma pendência legal contra a empresa quanto às reclamaçõs feitas. "A ação do Ministério Público foi arquivada", disse ele. Pretto acrescentou que a empresa já adquiriu uma nova área em Canoas, que já está em operação e para onde o Moinho Estrela deverá se mudar em prazo máximo de dois anos.
A presidente da Cosmam, vereadora Neuza Canabarro (PDT), disse que é preciso saber se o Executivo está fiscalizando a empresa e afirmou que a Cosmam pedirá mais detalhes à Smam e à Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov). "A saúde do ser humano não tem preço", salientou. O presidente da Cedecondh, vereador Guilherme Barbosa (PT), reclamou a falta de posição oficial da Smam sobre o assunto e questionou se a empresa não poderia modificar o seu processo industrial, a fim de causar menos impactos ambientais. "Se a empresa sairá de Porto Alegre, talvez seja possível abreviar essa retirada." Também estavam presentes à reunião os vereadores Claudio Sebenelo (PSDB), João Carlos Nedel (PP) e Carlos Todeschini (PT).
(Por Carlos Scomazzon, Ascom CMPA, 13/08/2008)