Andar descalço no asfalto em um dia de muito sol está longe de ser uma boa idéia, mas foi o ponto de partida dos cientistas do Instituto Politécnico Worcester, nos Estados Unidos. Não que eles tenham queimado os pés. O que fizeram foi buscar uma maneira de usar o calor acumulado no chão como uma possível fonte alternativa de energia.
Os pesquisadores estão desenvolvendo um coletor solar que poderá transformar estradas ou estacionamentos em centrais para geração de eletricidade. O trabalho não apenas busca avaliar como o asfalto coleta a energia solar, mas quais são as formas mais eficientes de aplicação de pavimentos de modo a maximizar a capacidade de absorção do calor.
Os resultados do estudo, coordenado por Rajib Mallick, professor de engenharia civil e ambiental, serão apresentados no dia 18 no Simpósio Anual para Pavimentos Asfálticos, na Suíça.
Mallick e colegas estudaram o potencial de geração de energia do asfalto por meio de modelos computacionais e fizeram diversos testes em campo e em laboratório. Os pesquisadores usaram sensores embutidos no pavimento ou em amostras para medir a penetração do calor e a transmissão para o aquecimento de água. A água, apontam, pode ser usada para o aquecimento de edifícios ou em processos industriais. Pode também ser usada em geradores termelétricos para produção de eletricidade.
"O uso do asfalto como coletor solar tem uma série de vantagens. Por exemplo, a cobertura permanece quente e pode continuar a gerar energia mesmo depois do pôr-do-sol, o que não ocorre com as placas fotovoltaicas. Além disso, contamos com uma quantidade enorme de estradas e estacionamentos, ou seja, não há necessidade de uso de novos terrenos", disse Mallick.
Outra vantagem apontada pelo pesquisador é que a extração de calor do asfalto reduziria o efeito de formação de ilhas de calor em áreas urbanas, diminuindo o consumo de eletricidade por meio de aparelhos de ar-condicionado.
(Agência Fapesp, 13/08/2008)