Uma nova pesquisa feita nas montanhas do sul da Califórnia sugere que o aquecimento global está por trás da rápida migração para locais mais altos de nove plantas diferentes. Em cerca de 30 anos, a maior parte delas subiu cerca de 60 metros de sua altitude original. Esses resultados da pesquisa fornecem uma pequena visão do que poderia acontecer à vegetação do mundo, devido ao aquecimento global.
Esse é o primeiro estudo a comprovar a antiga teoria de que as plantas se refugiariam do calor crescente indo para mais alto. "A velocidade do movimento das plantas é impressionante", disse o ecologista Travis Huxman, da Universidade do Arizona. "Isso significa que, provavelmente, veremos uma mudança na vegetação muito mais rápido que esperamos." No entanto, um especialista sugeriu que a prolongada seca - não a mudança climática - poderia estar causando a migração.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia estudaram, em 2006, as 10 espécies mais comuns nas Montanhas de Santa Rosa em diferentes elevações. Com uma fita métrica, eles marcaram os tipos diferentes de plantas a cada 120 metros do nível do mar até uma altitude de 2.450 metros, e compararam a distribuição com uma pesquisa semelhante feita em 1977. Desde a década de 1970, a região teve um aumento de 1 grau na temperatura média, assim como períodos cada vez maiores de seca.
Para a surpresa dos cientistas, eles descobriram grande número de plantas mortas nas altitudes menores e plantas florescendo nas alturas maiores. "A taxa de morte era grande, e ocorria na maior parte das espécies", disse o co-autor do estudo, Michael Goulden. "A ocorrência de mortalidade era óbvia para qualquer um que vivesse naquela área." Os resultados da pesquisa aparecem nesta segunda-feira (11) no jornal Proceedings of the National Academy of Sciences.
Segundo o geólogo Jon Keeley, o estudo fornece firmes evidências da migração das plantas. Mas, em sua opinião, são as secas e não o aumento das temperaturas os responsáveis pela mudança. Os pesquisadores descartaram a poluição do ar como uma causa potencial, porque não conseguiram achar danos de ozônio na flora.
(Estadão Online, AmbienteBrasil, 12/08/2008)