A Unidade Demonstrativa para a Produção de Biodiesel de Mamona no Extremo Sul do Rio Grande do Sul (Biosul-RS) está pronta e deverá entrar em funcionamento até o final deste ano. As obras no prédio, construído próximo ao Departamento de Química da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), no Campus Carreiros, estão concluídas e o andamento do projeto aguarda apenas a instalação dos equipamentos.
A estrutura contará com duas microusinas, nas quais serão realizados os processos de extração do óleo de mamona e a produção do biodiesel etílico. A idéia é de produzir meia tonelada de biodiesel por dia.
O processo foi desenvolvido com base em pesquisas conduzidas no Laboratório de Pesquisa em Química Orgânica da Furg. A expectativa é de que as usinas comecem a funcionar ainda este ano.
Segundo um dos coordenadores do projeto, o professor Marcelo Montes D’Oca, a intenção é de que após a produção, 2% de biodiesel seja misturado ao diesel utilizado para abastecer as frotas da Universidade e da prefeitura.
O cultivo
Para produzir o biodiesel a universidade contará com o apoio de pequenos agricultores das localidades do Povo Novo, Quitéria, Quinta e Palma, que cultivam a mamona. Além de envolver-se com a produção de mamona, a Furg também realiza uma pesquisa qualitativa sobre a história de cada grupo familiar de agricultores e faz o levantamento das formas de apropriação da terra, as experiências de organização da produção, formas de trabalho, relação com o mercado e as necessidades sociais. Atualmente, cerca de 20 agricultores se dedicam ao cultivo da mamona.
Essa etapa do projeto já é desenvolvida há três anos e tem o objetivo de gerar uma alternativa sustentável de produção aos agricultores, sem descaracterizar as culturas que já são trabalhadas no município. A prefeitura realiza o preparo do solo, a adubação e o plantio e ao produtor cabe o cuidado com a produção e a colheita. O cultivo da mamona não é atividade fácil, já que a planta é considerada nobre e requer cuidados especiais para o controle da proliferação de pragas e da umidade no solo para germinação.
O projeto
O projeto é mantido com recursos da agência de fomento do Ministério da Ciência e Tecnologia (Finep) e da prefeitura, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel). A Furg integra o Programa Gaúcho de Biodiesel (ProBiodiesel-RS) e o projeto surgiu em 2003, através da iniciativa dos professores do Departamento de Química, Marcelo Montes D’Oca, e Joaquin Ariel Villarreyes.
A produção se iniciou com a atualização de óleos vegetais como matéria-prima, dentro das especificações do Ministério das Minas e Energia. Em 2005, foram aprovados projetos junto a centros de fomento a pesquisas, relacionados à síntese e produção de Biodiesel de Mamona e de Microalgas.
(Por Débora Lucas, Diário Popular, 12/08/2008)