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processos de despoluição poluição urbana
2008-08-12

Com vias livres de placas, cavaletes e outdoors de candidatos, a eleição deste ano em Porto Alegre poderá entrar para a história como a de campanha com menor índice de poluição visual das últimas décadas.

A comparação com 2004, ano da última eleição municipal, não deixa dúvidas. Naquele ano, os candidatos a prefeito e vereador disputaram palmo a palmo o olhar do eleitor, se apoderando como podiam dos espaços públicos. Desta vez, um porto-alegrense menos atento pode até esquecer que estamos a menos de dois meses do primeiro turno.

Este ano, está proibida a fixação de propaganda em sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes e paradas de ônibus. As regras são definidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas a Justiça Eleitoral de cada cidade faz interpretações que reprimem ou liberam determinados tipos de propaganda. Em Porto Alegre, o que não foi proibido está limitado. É o caso das pinturas de muros particulares, que foram restringidas a quatro metros quadrados. O espaço, equivalente à área de uma mesa oficial de pingue-pongue, é insuficiente para empolgar as candidaturas.

– Como a área é reduzida, um mesmo muro pode ser utilizado por vários candidatos. Fica pulverizado e acaba não tendo tanto significado – explica o deputado estadual Fernando Záchia (PMDB), coordenador político da campanha do prefeito José Fogaça (PMDB) à reeleição.

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) confirma a mudança de perfil na campanha e comemora os resultados. O chefe da 2ª Zona Eleitoral, Vicente Pilatti, assinala que os candidatos estão seguindo à risca a legislação:

– A cidade está muito limpa, e o número de irregularidades está baixo. Para se ter uma idéia, ao fim da campanha eleitoral de 2006 tínhamos em um galpão cem toneladas de cavaletes recolhidos.

Verba menor faz partidos buscarem alternativas

Outro componente colaborou para esfriar a campanha até agora: a dificuldade dos candidatos em obter dinheiro. Com regras mais rígidas também para arrecadação e prestação de contas, está mais difícil atrair colaboradores nas primeiras eleições municipais pós-mensalão – escândalo em que ficaram evidenciadas irregularidades relacionadas ao caixa dois em campanhas políticas. Conforme o deputado estadual Paulo Borges (DEM), coordenador de Onyx Lorenzoni (DEM), a expectativa é de melhora na captação de recursos para a fase final:

– Falando de uma forma geral, acho que neste primeiro momento está faltando dinheiro, sim. Acho que a coisa não aqueceu.

Ainda que os recursos cheguem, os partidos não encontraram até agora, no quesito exposição pública, uma alternativa à altura dos cavaletes e bandeirolas. Maria do Rosário (PT) aposta suas fichas no contato direto com o eleitor. Embora o partido tenha manifestado ao Tribunal Superior Eleitoral a pretensão de gastar R$ 4,8 milhões, o coordenador de campanha petista, Cícero Balestro, considera que os custos deverão ficar abaixo desse patamar.

– Vamos apostar na tradição do PT. Nos mutirões de convencimento do eleitor e nas caminhadas –diz.

Opinião parecida tem o coordenador da campanha de Luciana Genro (PSOL), Roberto Robaina. Para ele, o importante é investir na qualidade do corpo-a-corpo dos cabos eleitorais:

– É decisivo demonstrar com clareza a qualidade das propostas.

(Por Adriano Barcelos e Rodrigo Müzell, Zero Hora, 11/08/2008)


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