Um estudo mostrou que as florestas nativas da Austrália estão armazenando três vezes mais carbono do que o imaginado - um indício de que o combate ao desmatamento tem um papel importante na questão da mudança climática. O estudo é resultado de uma década de pesquisas e pioneiro em quantificar a absorção de gases estufa pela mata nativa australiana.
Os cientistas calcularam que as áreas não derrubadas armazenam em média 640 toneladas de carbono por hectare - três vezes mais do que o esperado. "Estudamos metade das florestas remanescentes na Austrália e nossa estimativa é de que elas podem armazenar por volta de 33 bilhões de toneladas de dióxido de carbono", disse o professor de ciência ambiental da Universidade Nacional da Austrália, Brendan Mackey.
"Se todas essas florestas fossem derrubadas e todo o carbono na biomassa do solo fosse lançado na atmosfera, seria o equivalente a lançar por cem anos cerca de 80% das emissões anuais de gases estufa da Austrália", comparou. Para o professor, isto mostra que o país precisa "proteger suas florestas".
Durante seu crescimento, as árvores consomem e armazenam dióxido de carbono, que seria lançado na atmosfera se elas fossem cortadas. Globalmente, a perda de florestas corresponde a 20% das emissões. Estima-se que o desmatamento seja responsável por cerca de 75% das emissões de carbono do Brasil.
O pesquisador defendeu que os governos combatam o desmatamento como forma de evitar o aquecimento global. Cerca de metade das florestas nativas da Austrália foram derrubadas nos últimos 200 anos. O país é o maior emissor per capita do planeta.
(Globo, 12/08/2008)