Uma das lideranças nacionais do Movimento dos Sem Terra, João Pedro Stédile, esteve em São Gabriel participando do evento dos 250 anos da morte de Sepé Tiarajú. Em entrevista a Rádio São Gabriel, Stédile disse que o que está afetando o meio ambiente na região é a introdução da monocultura, seja da soja e do arroz, "e vem vindo por aí pelas multinacionais a monocultura do eucalipto, se cuidem". Stédile destacou que a monocultura é uma geradora de pobreza, porque só beneficia poucos e é agressora do meio ambiente. Explicou que como a monocultura é utilizada em grande escala, não é utilizada mão de obra, mas veneno. Ele citou como exemplo das conseqüências dessa situação, o surgimento de vários tipos de câncer na sociedade brasileira, em razão da baixa qualidade dos alimentos. O MST vai combater a introdução da monocultura de eucalitpo na metade sul do Estado, afirmou. "Nós somos defensores do reflorestamento, mas vamos reflorestar com as árvores nativas da região, que dão muito mais renda para o agricultor", destacou o líder do MST.
Nessa região, afirma João Stédile, poderia ser desenvolvido o gado leiteiro, frutas e outros tipos de atividade, que não fosse necessariamente a lavoura tradicional. Sobre a ocupação do solo, o líder do MST disse que a ciência tem dados passos avançados sobre as técnicas agrícolas. "Nós temos dezenas de estudiosos e centenas de literatura preparada, que demonstram como é viável a aplicação de novas técnicas agrícolas, que respeitem o meio ambiente e que consiga dar trabalho para todos". Em relação a política, João Stédile classificou o Governo Lula como de composição. Segundo ele existem ministros de esquerda, como o da Reforma Agrária, "portanto, progressista, tem ministros reacionários como o da Agricultura, o Palocci, o Furlan, que usam o Estado apenas para manter os privilégios, ou seja, para conservar os privilégios de uma classe dominante, que é uma minoria".
(Folha da Fronteira, 11/08/2008)