Revista comenta criação do fundo com investimentos estrangeiros.
- A criação de um fundo para a preservação da Amazônia com investimento estrangeiro, conforme proposto pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva no último dia 31, mostra que a auto-confiança do país está crescendo, segundo artigo publicado pela revista britânica The Economist que chega às bancas nesta sexta-feira.
De acordo com a revista, o fundo "se baseia em uma idéia que já se tornou sabedoria aceita entre os conservacionistas: para evitar que a floresta tropical encolha, é preciso encontrar um modo de tornar sua preservação mais lucrativa do que o corte de madeira e a queima".
A idéia do fundo, que procura investimentos de governos ou indivíduos para serem administrados pelo BNDES em projetos de preservação, é "pouco comum", diz a Economist.
"Autoridades brasileiras tradicionalmente suspeitavam do envolvimento de estrangeiros na Amazônia brasileira, que corresponde a cerca de 40% do território nacional", afirma a revista.
"Assim que foi lançado o fundo, Lula e seu ministro para o planejamento a longo prazo, Roberto Mangabeira Unger, sentiram necessidade de insistir que isso não representa abrir mão da soberania brasileira, e que os estrangeiros que investirem no fundo não vão ter influência na política do governo."
Para a Economist, este parece ser um sinal estranho enviado aos potenciais investidores, mas segundo teria dito à revista o representante do Greenpeace no Brasil, Paulo Adário, na prática será encontrado um modo de levar em consideração os desejos dos doadores.
"Sensibilidades em relação a Amazônia são profundas. Os generais que dirigiram o Brasil nos anos 60 e 70 tinham um medo paranóico de uma invasão da Amazônia" e ainda são sensíveis ao assunto, diz o artigo.
O artigo também cita o Partido Comunista, que apesar de apoiar Lula é contra "capitalistas estrangeiros na Amazônia".
"Apesar das limitações, o fato de Lula abraçar a idéia de que o mundo como um todo tem um interesse na Amazônia é um sinal da crescente auto-confiança do país", conclui a Economist.
(BBC Brasil, Estadão, 08/08/2008)