As propostas dos oito candidatos à prefeitura de Curitiba para a reciclagem do lixo na capital giram em torno de revisões das formas de cobrança das taxas de coleta, de novas propagandas educativas voltadas para a população e na escolha de uma nova área para a destinação do produto recolhido. Os projetos, porém, são superficiais. Os postulantes ao cargo de prefeito não explicam como obteriam verba para melhorar o processo nem detalham os procedimentos.
Como o aterro da Caximba, que recebe resíduos de Curitiba e outros 16 municípios da região metropolitana, está com sua vida útil vencendo – o prazo final é junho do ano que vem –, o candidatos resolveram investir seus pensamentos para o que fazer com o lixo da cidade na busca de uma solução para esse problema.
“Pretendemos determinar a área para um novo aterro e vamos aproveitar o potencial energético do lixo da Caximba. Por meio do processo de biodigestão, os gases oriundos do lixo orgânico serão canalizados para produção de energia”, diz Fabio Camargo (PTB). Sobre o lixo reciclável, ele afirma que a meta é aumentar o índice de reciclagem, investindo pesado em campanhas educativas e fazendo compensações tributárias para quem separa os resíduos.
Para Bruno Meirinho (PSol), o orçamento municipal poderia ser melhor distribuído, as prioridades revistas e, com isso, haveria melhor distribuição dos serviços prestados à população. “Há orçamento para isso. Poderiam tirar verbas de alguns setores menos fundamentais e reaplicá-los na reciclagem e coleta de lixo.” O candidato do PSol afirma ainda que o serviço dos catadores de papel deveria ser estatizado. “Os catadores são explorados. Eles poderiam ser contratados ou receber melhor pelo que recolhem.”
Lauro Rodrigues considera que Curitiba deveria arcar com o ônus de conseguir um novo local para a destinação do lixo e mantê-lo. Outras medidas que seriam adotadas por ele seriam o incremento da coleta seletiva e reciclagem, incineração de parte do lixo e comercialização dos subprodutos. Tudo seria feito em parcerias público-privadas. Ele defende ainda a participação do governo estadual na solução do problema.
O candidato do PMDB, Moreira Júnior, tem em mente estimular a população para fazer a reciclagem, com campanhas nos moldes do que se faz na europa, distinguindo o seco e o úmido. Ele diz que tem como proposta tentar acabar com o intermediários e atravessadores, que estão no caminho dos catadores de papel – os grandes responsáveis pelo separação do lixo na capital.
Ricardo Gomyde (PC do B) explica que o grande investimento de sua gestão, caso eleito, deverá ser em torno dos carrinheiros. Ele pretende criar cooperativas para esses profissionais, para que eles possam “agregar valor ao produto reciclável, ter creches para que deixem os filhos e impedir atravessadores”. O candidato do PV, Maurício Furtado, tem exatamente o mesmo pensamento de Gomyde, que é a criação de cooperativas para os catadores de lixo. Os dois ainda têm em comum a proposta de voltar a elaborar propagandas educativas sobre reciclagem do lixo.
Já Beto Richa afirma que, após a desativação do aterro da Caximba, o lixo será gerenciado pelo Consórcio Intermunicipal de Resíduos, formado por 16 municípios da região metropolitana e que adotará progressivamente novas tecnologias de tratamento (compostagem, reciclagem e biogás).
Para a candidata do PT, Gleisi Hoffmann, o lixo deve ser visto como um ativo econômico. Na sua visão, o novo aterro e o da Caximba devem ser fonte de energia renovável, através do biogás e de vendas de créditos de carbono. “Devemos ganhar dinheiro com o lixo, para abater a conta que pagamos com sua coleta.”
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Gazeta do Povo, 08/08/2008)