Entra na reta final a interligação dos módulos da plataforma P-53 no cais do Porto Novo. Até 30 de agosto a entrega será feita à Charter Development LLC que a arrendará à Petrobras por 25 anos. No canteiro da Quip, empresa formada pela Queiroz Galvão, UTC e Iesa, há pouca movimentação, embora o trabalho envolva 800 operários em três turnos. Em compensação, dentro do gigante são em torno de três mil trabalhadores responsáveis pela montagem de equipamentos, ligação de cabos, solda, pintura, e outras atividades que viabilizarão a produção de óleo e gás na Bacia de Campos (RJ).
Os 134 degraus que dão acesso ao interior da plataforma são cansativos, mas compensados diante da grandiosidade do navio petroleiro convertido em casco de plataforma e com 14 módulos inclusos. Engenheiros, eletricistas, soldadores e outros profissionais proporcionam o vai-e-vem para permitir que o Brasil possa extrair mais petróleo do fundo do mar.
Atualmente são realizados testes de hidrostática e de fios. Tudo sob a supervisão de pessoal especializado da Petrobras. O barulho não é tão intenso dentro da plataforma, mas por questão de segurança cada pessoa que sobe a bordo tem de usar um protetor auricular. Devido às atividades de solda, é necessário o uso de óculos especiais, botas e a roupa deve ter manga comprida.
Em cada andar por onde se passa há salas e compartimentos de vários tamanhos. Lá funcionam escritórios, almoxarifado, auditórios, restaurante, lavanderia, salas de vídeo e cinema, ambulatório, cozinha industrial, sala de ginástica, sanitários e dormitórios. Há também uma quadra poliesportiva e uma piscina. Atrás do casario, existe o heliporto, onde pousarão os helicópteros que farão o transporte de funcionários e visitantes entre a plataforma e o continente.
Prazos ainda não são confirmados
Sobre prazos e datas, o diretor de suporte corporativo à gestão da Quip, Marcos Reis, prefere não precisar. “É difícil estabelecer isso com exatidão. As condições climáticas podem influenciar o ritmo do trabalho”, observa. Se ventar muito, a obra pára. Se estiver chovendo, a atividade é reduzida.
A entrega da plataforma em tempo recorde é motivo de orgulho para o Executivo. Pelo prazo estabelecido, seriam inicialmente nove, e depois passou para 11 meses. Se não houver contratempos, a P-53 será entregue em dez meses e meio. De acordo com Reis, o recorde até agora era de 15 meses para a integração dos módulos.
A vinda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o batismo da plataforma ainda não tem dia certo. “Qualquer informação pode ser alterada”, justifica o diretor. Fala-se em três datas, mas devido aos compromissos do presidente, explica Reis, somente o Palácio do Planalto pode fazer a confirmação oficial. O certo é que a ex-ministra Marina Silva foi convidada para ser a madrinha.
Enquanto Lula não chega o trabalho tem seqüência. “Vamos concluir até o final do mês e entregar a plataforma”, diz Reis, com convicção. Isso vai depender também da liberação por parte da Receita Federal, mas o Executivo acredita que será ágil.
Alguns setores da plataforma estão em condições de funcionar. No alojamento, por exemplo, caberão 330 pessoas, 270 no casario e mais 60 em contêineres, mas que são apartamentos semelhantes aos de hotéis cinco estrelas.
Os equipamentos elevaram o peso da P-53 para aproximadamente 110 mil toneladas. Com o maior turret (torre receptora das linhas flexíveis de produção) do mundo, a altura máxima chega aos 124 metros. É essa peça gigantesca que vai forçar a retirada dos cabos que atravessam o canal e levam energia elétrica para São José do Norte.
(Por Luiz Eduardo Baquini, Diário Popular, 08/08/2008)