(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
limpeza urbana sustentabilidade
2008-08-08

Empresários da região são exemplos de como transformar as sobras em luxo
 
Empreendedores da região estão investindo no lixo para gerar emprego e renda. Inspirados pela Lei de Lavoisier, em que na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, empresários buscam nos resíduos, principalmente os industriais, matérias-primas para o desenvolvimento de produtos. Couro, tecido, plástico, metais, borracha, EVA, materiais de demolição, oriundos dos descartes, ganham vida e são exportados para França e Estados Unidos em forma de pufes, a exemplo do Miss Gana, produzido pela Gueto Ecodesign de Produto, de Dois Irmãos. O Jornal NH publica hoje a segunda reportagem, da série de três, sobre o lixo.

A empresa que teve início na Incubadora Tecnológica do Centro Universitário Feevale, em 2001, quando somente a cidade de Dois Irmãos gerava quatro toneladas de resíduos de couro por dia, está fazendo sucesso no exterior e no Brasil, estampando diferentes editorias de revistas. “Estamos exportando lixo e a aceitação está sendo ótima’’, brinca uma das proprietárias Solange Wittmann. Os dois carros-chefes são produzidos a partir de restos da indústria calçadista. O Pano Gueto, feito com o reaproveitamento do couro, é utilizado para revestimentos de estofados e coleciona prêmios. São fabricados de 40 a 50 metros de pano por mês.

Arte
Sempre ligada em movimentos ambientais, a designer Débora Sarmento também encontrou soluções criativas para o lixo. Juntamente com a sócia, a estudante de Biologia Manoela Sarmento, criou o Laboratório de Resíduos, em Estância Velha, para desenvolver pesquisas, soluções e produtos criados a partir de resíduos industriais sólidos.

O resultado: descartes de couro, cerâmicas, madeiras nobres de demolição, têxteis, vidros e de metais ganharam forma de produtos decorativos, artesanais, utilitários, brindes, eco-bags, entre outros. “Utilizamos as técnicas de mosaico, marcenaria e restauração em mobiliários’’, ressalta Débora.

Mercado de resíduos é bastante promissor
Para o biólogo e bioquímico Jackson Müller, a reciclagem acaba transformando um problema em um negócio. “O lixo só é um problema quando não é administrado. O valor agregado dos materiais tornou a indústria recicladora poderosa, pois o mercado consumidor tem fome desses materiais.’’ Müller ressalta a importância de estimular a separação do lixo na origem, uma vez que a sociedade custa aceitar que a segregação dos resíduos é necessária. “A sucata tem muito espaço e somente não conseguimos aproveitar produtos como roupas, sapatos, fraldas, entre outros. Os demais, a indústria aproveita’’, destaca.

O pufe Miss Gana caiu no gostos dos americanos e dos franceses. Das 150 unidades fabricadas mensalente, 100% vai para a exportação. “O Miss Gana é feito com o descarte da empresa Suljet, de Novo Hamburgo, e cada um leva oito quilos de tiras de EVA’’, salienta Solange Wittmann, que conta com a parceria da sócia, a designer Karin Wittmann. Segundo ela, essa iniciativa feita com a Suljet é uma via de mão dupla, uma vez que a indústria pagava para depositar o lixo e agora teve esses custos zerados com o fornecimento para a Gueto - todos os meses são gerados 200 quilos de resíduos de EVA.

Material de demolição para novo lar
Às margens da Barragem do Salto, em São Francisco de Paula, uma residência de 180 metros quadrados carrega pedaços de história. A casa projetada pelo engenheiro Libório Schlieper e pela arquiteta Zaira Schlieper foi construída com materiais de demolição. Portas, janelas, madeiras e ladrilhos hidráulicos foram alguns dos itens resgatados de cinco casas demolidas na região. “Compramos os materiais e trabalhamos para deixá-los prontos para uma nova utilização’’, conta Zaira, lembrando que 80% da obra foi feita com os inertes. Segundo a arquiteta, a procura por esse tipo de produto tem aumentando nos últimos anos. “As pessoas gostam de misturar o novo com o antigo, além de beneficiarem o meio ambiente, já que muitos materiais iriam para o lixo.’’

Mão-de-obra direta e indireta na região
A empresa Hanes Plásticos, de Novo Hamburgo, é outra que atua na reciclagem e reaproveitamento de plásticos. O proprietário Claodir Altmann, 50 anos, explica que antes de fundar o estabelecimento comercial, há oito anos, atuava na área calçadista, mas os altos e baixos do mercado e o aumento da procura por materiais recicláveis o fez mudar de ramo. Atualmente, são gerados nove empregos diretos na fábrica, que fica no bairro Liberdade.

“A maioria dos empregos, no entanto, são indiretos pois as duas primeiras etapas da reciclagem do plástico são terceirizadas”, conta. Empresas de São Leopoldo, Capela de Santana e Rolante são as responsáveis pelas etapas de classificação e moagem do material, que chega por meio de catadores de lixo e de sobras de empresas. “Aqui fazemos a parte final que é a de plastificação. O produto é vendido em forma de grânulo”, comenta Altmann.

Segundo ele, são reciclados aproximadamente 40 toneladas de plástico por mês. Após o processo, o material é vendido para empresas do Estado, Paraná e São Paulo que produzem paralamas de caminhões, vassouras, varais de roupas, entre outras. “A procura tem crescido a cada ano, pois o material virgem tem aumentos gradativos e também a reciclagem do plástico evita a poluição do meio ambiente”, defende o empresário.

Projeto de calçadistas é exemplo no Paranhana
Os calçadistas de Três Coroas estão dando o exemplo de conscientização ambiental e também gerando emprego e renda. Em parceria com o Sindicato da Indústria de Calçados e Componentes para Calçados de Três Coroas, empresários da cidade engajaram-se no projeto Amanhã Mais Feliz, uma iniciativa que tem como meta a preservação ambiental. Toda essa preocupação pode ser conferida no Aterro de Resíduos Industriais Perigosos (Arip), na localidade de Morro Ceroula, para onde são destinadas todos os meses 250 toneladas de Resíduos Sólidos Industriais (RSI) de mais de 90 indústrias. Deste total 68% do lixo são reaproveitados para os trabalhos sociais e também para a reciclagem. Os demais 32% ficam armazenados a seco.

“Utilizamos alguns resíduos nas oficinas de criação e a grande parte é vendida a empresas que reciclam esses materias, transformando-os em guarda-chuva, vassoura, vareta, entre outros produtos”, explica o presidente do Sindicato, Analdo Slovinski Moraes. Segundo ele, os 32% são couro curtido com cromo, material que ainda não tem como ser recilado. Em uma área de 13 hectares, o local possui quatro galpões de armazenamento, além de funcionar o criatório de animais autorizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) - hoje são 253 bichos em cativeiro.

(Por Alice Rodrigues, Jornal NH, 08/08/2008)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -