A imposição de grandes projetos poluidores de mineração e siderurgia aos municípios da área costeira pelo governador Paulo Hartung é uma posição “absolutista”. Que nivela Hartung, como imperador, a José Carlos Gratz, nos seus 12 anos de presidência da Assembléia Legislativa. A comparação é da deputada federal Iriny Lopes (PT-ES).
Em seu site, a deputada divulgou críticas à atração dos projetos poluidores pelo governador Paulo Hartung. A deputada Iriny Lopes afirma que os grandes projetos siderúrgicos causarão imenso dano social e ambiental. E que é de “um absolutismo que merece ser questionado legalmente, por infringir princípios legais e constitucionais, no que se refere ao meio ambiente e aos direitos individuais e coletivos”.
Assinala que “primeiro, foi o anúncio de que a chinesa Baosteel, produtora de aço. Também no sul do Estado, em Presidente Kennedy, está sendo anunciada a instalação da Ferrous Resources, empresa que reúne investidores ingleses, australianos e americanos para desenvolver em projeto de pelotizadora, incluindo toda a cadeia produtiva do aço”.
Lembra que “empresas rejeitadas em outros estados, como a Baosteel, no Maranhão” que “também teve sua produção limitada na própria China, em função de gastos excedentes de energia elétrica e poluição ambiental, ganham salvo-conduto governamental para devastar não só já maltratado meio ambiente capixaba, onde só restam menos de 7% de mata atlântica, mas submeter sua população aos efeitos nefastos da implantação de tais projetos”.
Um outro dado é lembrado pela deputada Iriny Lopes: “A construção da empresa chinesa Baosteel, produtora de aço, em Anchieta, foi rejeitada, no dia 18 de junho, pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Benevente, ao qual compete, conforme a lei federal 9.433, ‘arbitrar os conflitos relacionados aos Recursos Hídricos da bacia’. Paulo Hartung, tal como Gratz no passado, age como se o Espírito Santo fosse seu e não houvesse lei federal para impedir sua conduta predatória”.
Uma outra consideração, é a de que “o movimento social tem demonstrado seu descontentamento com o projeto. Exploração de minério e petróleo é finita, tem data para acabar. O que vai restar do Estado quando as multinacionais esgotarem o solo, os rios, poluírem os mares e o ar? Os municípios do sul e norte (assolado pela monocultura de eucalipto e cana-de-açúcar) vão inchar durante as obras e o que restará aos municípios o passivo social, o colapso de serviços públicos e a ausência de diversidade no ciclo econômico”.
Iriny Lopes finaliza: “Neste Estado com potencial turístico, na prestação de serviços e importante referência no setor pesqueiro, sobretudo no sul do Estado e no outro extremo, como Conceição da Barra, vão sobrar as cinzas de uma devastação sócio-econômica e ambiental anunciada. Esse será o legado de Paulo Hartung, que teoricamente entrou para combater o crime organizado, mas trata o Espírito Santo como se fosse seu império, tal como José Carlos Gratz em seus 12 anos de presidência da Assembléia Legislativa”.
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 08/08/2008)