Modelos teóricos feitos para tentar explicar a formação do Sistema Solar sempre consideraram o conjunto local de estrela e planetas como algo comum, semelhante a uma infinidade de outros espalhados pelo Universo. Mas um novo estudo afirma que o Sol, Terra e companhia formam um sistema muito especial.
O novo modelo, feito por pesquisadores das universidades Northwestern, nos Estados Unidos, e Guelph, no Canadá, traça o nascimento e crescimento de mais de 250 sistemas planetários, formados por uma ampla gama de massas, órbitas e interações dinâmicas diferentes. O estudo foi publicado na edição de 8 de agosto da revista Science.
A novidade explora a grande diversidade com que os sistemas evoluem a partir de um disco de poeira e gás em torno de uma estrela. Segundo as simulações computacionais feitas pelos autores do estudo, que foram confirmadas por observações de planetas descobertos além do Sistema Solar, as propriedades do disco afetam grandemente o arranjo final dos planetas.
As simulações, feitas em supercomputador, são as primeiras a conter a formação de sistemas planetários do início ao fim. Por causa de limitações na capacidade de processamento dos computadores, os modelos anteriores não conseguiram tamanha abrangência.
Foram feitas mais de cem simulações e os resultados mostram que a origem de um sistema foi, na maior parte das vezes, um espetáculo muito violento. Uma exceção ocorreu com o Sistema Solar, em que a história foi bem mais tranqüila.
Os pesquisadores destacam que sistemas como o Solar somente são formados quando a explosão inicial da formação dos planetas ocorre em um momento exato durante o período de existência do disco de gás e poeira.
No caso do Sistema Solar, se as condições não tivessem sido favoráveis, ou seja, se a formação dos planetas tivesse ocorrido em outro momento, Terra, Marte, Júpiter e demais teriam sido atirados ao Sol ou sumidos no espaço profundo.
"Sabemos agora que os outros sistemas planetários não se parecem em absoluto com o nosso. As formas das órbitas dos exoplanetas são alongadas, e não bonitas e circulares. Os planetas também não se encontram onde seria de se esperar. Muitos planetas gigantes, que lembram Júpiter, estão tão perto de suas estrelas que suas órbitas duram poucos dias", disse Frederic Rasio, da Universidade Northwestern.
"Precisamos começar de novo em nossa tarefa de explicar a formação planetária e a enorme variedade de planetas que temos observado", disse o pesquisador, principal autor do estudo.
O artigo Gas disks to gas giants: Simulating the birth of planetary systems, de Edward Thommes e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.
(Agência Fapesp, 08/08/2008)