Um dispositivo criado para prevenir danos aos laptops em caso de queda está sendo usado por cientistas para detectar terremotos. O dispositivo mede a aceleração dos objetos e é instalado nos computadores para prevenir a perda de dados em casos de quedas ou pancadas.
O sistema criado pelos cientistas, chamado de Quakecatcher Network (Rede de Identificação de Terremotos, em tradução livre), combina a leitura dos sensores que medem a aceleração em diversos laptops conectados em rede. Esses medidores de aceleração detectam quando o computador sofreu uma queda ou uma pancada. Antes do impacto, o mecanismo atua para prevenir o dano dos discos rígidos, onde as informações são armazenadas.
Jesse Lawrence, professor de geofísica da Universidade de Stanford, disse à BBC que os medidores de aceleração dos laptops são perfeitos para monitorar terremotos. "Quando você acidentalmente deixa seu laptop cair da mesa, o medidor detecta um movimento grande e novo", afirmou.
O sistema conseguiu detectar o terremoto em Los Angeles, em julho. No entanto, a rede está apenas no estágio inicial e somente três laptops estão totalmente conectados.
Sistema
Lawrence explica que enquanto um computador sozinho não consegue diferenciar entre um terremoto e uma queda, a chave do dispositivo é o número de máquinas que trabalham em conjunto. "Se fossem apenas alguns laptops, o servidor saberia que são apenas pessoas deixando seus computadores caírem, acidentalmente", afirmou.
"No entanto, se trabalhamos com um número grande de sensores, sabemos se há um terremoto grande na região", disse. Ele explica que a sensibilidade dos sensores é variável e depende da distância do terremoto. Uma vez que o movimento é detectado, a informação é enviada ao servidor, onde é possível identificar se há ou não um terremoto.
Apesar de o sistema fornecer um alerta pouco antecipado, cada segundo é importante em casos de tremores de terra. "Se há um terremoto, podemos enviar sinais para aqueles que potencialmente serão atingidos antes que a energia do tremor se espalhe além do epicentro", afirmou Lawrence.
(G1, AmbienteBrasil, 08/08/2008)