Pesquisa foi realizado pelo IBGE, em parceria com o Ipea.
Estudo analisa mudanças no segmento de entidades sem fins lucrativos entre 2002 e 2005.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, divulgada nesta quinta-feira (7), aponta para o crescimento no número de associações e fundações sem fins lucrativos voltadas ao meio ambiente e à proteção animal.
O estudo contou com a participação da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) e o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife). A análise sobre as Fundações Privadas e Associações Sem Fins Lucrativos no Brasil identificou as mudanças ocorridas no segmento no período entre 2002 e 2005, com base nas informações do Cadastro Central de Empresas (Cempre).
De acordo com o estudo, entre 2002 e 2005, o número de ONGs ambientais aumentou 61%, um percentual quase três vezes superior à média nacional (22,6%). Em 2005, eram 2.562 entidades com esse fim. Entre 1996 e 2005, o número de organizações voltadas ao meio ambiente e à proteção animal cresceu 558,6%. O crescimento, segundo o IBGE, pode ser reflexo da preocupação mundial com o meio ambiente, tema que tem pautado o debate político nacional e internacional.
Atualmente, segundo o levantamento, são mais de 338 mil ONGs e fundações em todo o país. A distribuição dessas organizações tende a acompanhar a da população. No Sudeste estão 42,4% das entidades e 42,6% dos brasileiros. No Nordeste estão 23,7% das instituições e 27,7% da população. No Sul, em terceiro lugar, encontram-se 22,7% das entidades e 14,6% da população. No Centro-Oeste estão 6,4% das associações e 7,1% da população. No Norte estão 4,8% das organizações e 8% dos brasileiros.
Embora o crescimento percentual das entidades do grupo religião (18,9%), de acordo com a pesquisa, tenha sido menor do que a média nacional (22,6%), em números absolutos elas estão entre as que mais cresceram. No período de 2002 a 2005, foram criadas 13,3 mil entidades que se dedicam a atividades confessionais. Vale destacar que a influência da religião não se restringe a esse grupo de instituições, já que algumas entidades assistenciais, educacionais e de saúde são de origem religiosa, embora não estejam classificadas como tal.
As instituições que prestam serviços de saúde, educação e pesquisa e de assistência social, com crescimentos mais modestos, perdem gradativamente peso no conjunto das associações e fundações sem fins lucrativos. Em 1996, essas instituições representavam 22,9% do total e, em 2005, a sua participação caiu para 18,9%.
RemuneraçãoA remuneração dos trabalhadores nas associações e fundações sem fins lucrativos no período de 1996 e 2005 elevou-se, em termos reais, em 1,2%, passando de R$ 1.081 para R$1.094. Os ganhos salariais mais significativos, entre o período de 1996 a 2002, foram observados nas áreas de habitação e meio ambiente e proteção animal (31,9% e 25,5%, respectivamente).
As entidades dos grupos de assistência social e religião, ao contrário, entre 1996 e 2002, sofreram perdas nos salários de 11,2% e 9,9%, respectivamente.
Tempo de existênciaPouco mais de um quarto das associações e fundações sem fins lucrativos (26,3%, ou 89,2 mil) foram criadas nos cinco primeiros anos desta década. As instituições mais antigas, criadas até 1980, correspondem a apenas 13,1% do total das entidades consideradas na pesquisa, o que indica uma menor organização da sociedade civil e uma dificuldade de manutenção das organizações sem fins lucrativos ao longo dos anos. Vale mencionar que 81% dessas instituições se localizam nas regiões Sudeste e Sul do país.
(G1, 07/08/2008)