Os Estados Unidos devem reforçar as pesquisas em biocombustíveis em parceria com o Brasil. Até o fim deste mês, os dois países definem quais serão os principais pontos que serão estudados em etanol de segunda geração.
Os EUA, maiores produtores de etanol à base de milho, devem colocar entre 2012 e 2013 quatro plantas em operação para produzir etanol celulósico em escala industrial, disse Helena Chum, responsável pela área de biocombustíveis do Laboratório Nacional de Energia Renovável, instalado no Colorado, vinculado ao Departamento de Energia dos EUA. O orçamento do EUA para essas pesquisas soma US$ 1 bilhão. No Brasil, os recursos não atingem R$ 50 milhões por ano. "Serão quatro plantas que usarão madeira, resíduos de lixo, palha de milho e capim-elefante", disse. Ontem, a gigante inglesa do petróleo BP e a americana Verenium assinaram acordo para desenvolver pesquisas nesse sentido, informou a Bloomberg.
"O Brasil tem matéria-prima barata, ao contrário dos EUA", afirmou Helena Chum. Segundo ela, os custos de produção com etanol a partir de milho giram em torno de US$ 1,20 por galão (3,78 litros), dependendo da cotação do milho. Para o etanol de segunda geração, os custos superam US$ 2,60 por galão. "Esses custos têm de cair mais, abaixo de US$ 1,30 para se tornarem viáveis comercialmente."
Chum, que estava no Brasil de férias, acompanhou ontem a comitiva de Jeffrey Kupfer, secretário-adjunto do Departamento de Energia dos EUA. Kupfer, que também esteve em Brasília nessa semana, não deu muitas esperanças sobre a possibilidade do governo americano reduzir ou eliminar as tarifas para importação do etanol brasileiro. A cobrança da tarifa foi prorrogada pelo Congresso americano até 2010. Kupfer ressaltou que Brasil e EUA são importantes parceiros e podem desenvolver pesquisas juntos. Um eventual processo do Brasil contra os subsídios americanos ao etanol na Organização Mundial do Comércio (OMC) não afetaria a parceria entre os dois países, afirmou. (MS)
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Valor Online, 07/08/2008)