Com novos investimentos, país pode passar da 5ª para a 2ª colocação no setor nos próximos anos, atrás apenas dos EUAEmpresas já anunciaram investimentos firmes e em estudo que, somados, podem triplicar volume de produção de celulose
A fusão das companhias VCP (Votorantim Celulose e Papel) e Aracruz criará uma estrutura com capacidade inicial superior a 4,6 milhões de toneladas de celulose por ano. Com os investimentos em análise e confirmados, a produção poderá duplicar na próxima década.
Em projetos, a VCP já anunciou duas unidades de 1,3 milhão de toneladas de capacidade de produção de celulose projetados para além de 2009. Os investimentos nesses dois empreendimentos, previstos para Minas Gerais e Rio Grande do Sul, alcançam US$ 3,6 bilhões.
Cada uma dessas unidades pode ainda ser duplicada, caso a demanda mundial por celulose brasileira continue crescendo, o que expandiria a oferta para 5,2 milhões de toneladas.
A Aracruz tem projetos também importantes que, somados, elevam em mais 3,4 milhões de toneladas a produção. A empresa também tem projeto de expansão da Veracel, joint venture com a estrangeira Stora Enso.
A união das duas companhias consolida esse grupo como o maior do país, deixando a Suzano na segunda colocação, mesmo depois do anúncio de duas novas fábricas, no Piauí e no Maranhão. Somadas as duas novas unidades, a Suzano elevará a produção em mais 2,6 milhões de toneladas. A empresa ainda tem a opção de construir uma terceira unidade, cuja localização ainda não está definida. Para as duas novas fábricas, o investimento total deve alcançar os US$ 3,6 bilhões.
A Suzano é um exemplo do interesse nesse mercado. A Suzano Holding deixou a operação petroquímica para se concentrar em celulose.
A consolidação do setor proposta pela VCP e a corrida de novos investimentos colocam o país como um dos centros mundiais de produção de celulose. Hoje, o país ocupa a quinta posição no ranking mundial de produtores, atrás de EUA, Canadá, Finlândia e Suécia. O Brasil produz atualmente 11 milhões de toneladas de celulose, enquanto o Canadá produz 24 milhões de toneladas.
"Com os investimentos anunciados, o Brasil pode assumir a segunda colocação em poucos anos", diz Felipe Volcato Ruppenthal, analista do setor de papel e celulose do Banco Geração Futuro.
A vantagem brasileira nesse mercado começou a ser percebida pelas companhias internacionais, como International Paper e Stora Enso, sócia da Aracruz na Veracel. São duas as vantagens básicas de produzir celulose no Brasil. A produtividade do eucalipto no país, matéria-prima básica para a fabricação de fibra curta de celulose, é de 40 metros cúbicos por hectare/ano e pode alcançar os 50. Isso com um ciclo de corte entre 5 e 7 anos. Em países como Finlândia e Suécia, a produtividade máxima por hectare/ano é de cinco metros cúbicos, volume obtido com cortes que levam de 35 a 40 anos.
(Folha de S. Paulo, 07/08/2008)