O Greenpeace Brasil lança nesta quarta-feira (06) uma série de propostas sobre política ambiental destinada a candidatos a prefeito e a vereador de todo o país. As sugestões englobam quatro temas --somando 48 idéias, 29 (60%), inéditas.
"A pauta ambiental das cidades hoje deve ser entendida como transversal, ou seja, tem a ver com a questão da saúde, do fluxo das riquezas, das despesas no orçamento. Ela tem de ser entendida como uma questão que não precisa ficar isolada como aquele assunto dos 'ecochatos'. Tem a ver com a cidade, nos seus mais variados aspectos", diz o diretor de políticas públicas do Greenpeace Brasil, Sérgio Leitão.
As 48 propostas da entidade estão distribuídas em quatro temas: clima e energias renováveis (24, 11 delas novas); florestas e recursos hídricos (14, oito inéditas); agricultura sustentável e transgênicos (seis, todas novas); e oceanos (somando quatro, também inéditas).
Idéias aplicadas
No item clima e energias renováveis, Leitão destaca o incentivo tributário a edifícios com mais de três andares que utilizarem na área do último andar "telhados verdes", com adoção de vegetação no local, além da redução da carga tributária sobre materiais usados na fabricação de tecnologias para a geração de energia renovável.
Sobre o tema florestas e recursos hídricos, o representante da entidade frisa a proibição de órgãos públicos de consumir madeira sem origem legal e a exigência nas compras públicas de certificados que comprovem a origem da matéria-prima.
Ao mencionar a agricultura sustentável e transgênicos, Leitão aponta como iniciativa viável o oferecimento por parte do poder público de condições especiais para a comercialização da produção agrícola orgânica, como espaços em mercados municipais.
Por fim, no item oceanos, ele sugere a proibição de compra de pescado "que não atenda aos critérios de sustentabilidade, especialmente na rede pública de ensino e nos serviços de saúde".
Além das 29 propostas inéditas, o órgão recomenda ainda a adoção de mais 19 outras sugestões, que, segundo o diretor do Greenpeace, já estão em curso em cidades do Brasil e no mundo. "Escolhemos as idéias que já saíram do papel", diz.
Sem custo
Leitão afirma que a grande maioria das idéias não gerará "custo imediato" ao município. O diretor do Greenpeace afirma que as medidas encontram resistência na implementação por haver uma ausência de "reordenamento político interno" nas gestões e, também, por soarem inicialmente como "impopulares".
"Todas as idéias boas e simples encontram muita resistência. Há uma dificuldade muito grande de prefeituras ou políticos no país inteiro de lidarem com assuntos que não vão se traduzir numa obra porque isso aqui [as propostas] é um processo de reordenamento político interno das prefeituras e o grande charme delas [idéias] está no seguinte: não geram custo imediato. Porém, podem trazer impopularidade num primeiro instante", diz.
(Por Marcelo Gutierres, Folha Online, 06/08/2008)