O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estima que o objetivo de aumentar o número de pessoas com acesso ao saneamento de água não será cumprido em 2015, prazo estabelecido para conseguir uma das metas do Desenvolvimento do Milênio. Segundo o órgão, atualmente 2,5 bilhões de pessoas não desfrutam deste recurso.
O prognóstico foi feito por Silvia Gaya, especialista de água e saneamento do Unicef e responsável pelo acompanhamento dos objetivos do Desenvolvimento do Milênio. Ela assegurou que, pelo contrário, o aumento ao acesso à água potável está em vias de ser cumprido, apesar de haver um bilhão de pessoas que não dispõem do recurso.
Com o nível atual de investimento e compromisso, o acesso ao saneamento "não se cumprirá" até o final do século, em torno de 2070, já que, segundo os dados da estatística nos últimos anos, houve um aumento "acelerado", destacou a especialista durante discurso na Exposição Internacional de Zaragoza.
A falta de acesso à água e saneamento provoca, entre outras conseqüências, que as meninas das povoações afetadas não recebam educação, já que 70% das mulheres investem cinco horas diárias a ir buscar água potável, o que faz com que "não disponham de tempo para ir ao colégio", indicou Gaya.
Ao não ter saneamento, as escolas não possuem vasos sanitários, pelo que as meninas menstruadas não vão às aulas durante o período, por não disporem de água, higiene e privacidade, acrescentou.
A especialista em nutrição do Unicef na Mauritânia, Inés Lezama, destacou a vulnerabilidade das mulheres na falta ao acesso de água potável e saneamento, especialmente a daquelas que estão grávidas, que continuam com o trabalho de caminhar em busca de água, ainda quando estão em avançado estado de gestação.
O fato de que estas mulheres não tenham água implica em que a higiene seja pouca em momentos como o parto ou a lactação, além de que a manipulação de alimentos na cozinha "também ocorre nas melhores condições de limpeza", explicou Lezama.
A especialista afirmou que o Unicef está trabalhando na promoção da lactação materna exclusiva, além de introduzir o hábito de lavar as mãos e o fomento de uma alimentação adequada para conseguir a queda da mortalidade infantil.
(Yahoo!, AmbienteBrasil, 07/08/2008)