Convite ocorreu após relatório sugerir mais rigor contra MST
Para tentar mostrar que apenas buscam reforma agrária e não são foras-da-lei, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) recebeu ontem uma comissão de deputados estaduais e de procuradores de Justiça ao acampamento e assentamento em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana.
A decisão de alguns promotores gaúchos de endurecer contra o MST motivou o convite. No ano passado, uma reunião do Conselho Superior do Ministério Público do Estado resolveu pedir a dissolução do movimento – uma solicitação retirada em encontro posterior.
Desde que se tornaram públicos os sinais de maior aumento no rigor contra os sem-terra, parlamentares ligados ao MST se articularam para reunir promotores.
– Essa conversa é importante, porque as coisas só chegam à mesa dos promotores em relatórios. E é bom para os dois lados que eles vejam as pessoas e falem com elas – comentou Dionilson Marcon (PT), um dos cinco deputados que representaram a Assembléia Legislativa na visita.
Os parlamentares e os procuradores visitaram o acampamento Jair Antônio de Costa, às margens da BR-386. No local, 400 famílias esperam por terras há quatro anos. Eles conheceram os barracos, a escola itinerante – um casebre onde estudam 160 crianças – e a farmácia improvisada. Os visitantes foram recebidos pelas crianças. Um dos coordenadores do acampamento, Paulo Reginaldo Rodrigues, reclamou de problemas como a falta de remédios. O procurador-geral de Justiça do Estado, Mauro Renner, também se pronunciou:
– O Ministério Público está do lado dos movimentos sociais, pessoas ou qualquer grupamento que tenha os seus direitos atingidos, mas não podemos admitir que a lei seja desrespeitada na busca por esses direitos.
A respeito do endurecimento do Ministério Público Estadual contra as ações do MST, Renner disse que cada um dos promotores tem liberdade de agir. O discurso do procurador-chefe da Procuradoria Regional da República da 4ª Região, Humberto Jacques de Medeiros, assemelhou-se ao pronunciamento de Renner.
No final, os visitantes foram ao Assentamento Capela, onde mora o deputado Marcon e outras cem famílias que foram trazidas do norte do Estado em 1994 pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
(Por Carlos Wagner, Zero Hora, 07/08/2008)