Além dos US$ 43,6 bilhões que irá investir na construção de novas refinarias no Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará e Maranhão, conforme noticiou ontem o Valor, a Petrobras também programa investimentos de US$ 6,8 bilhões até 2015 em obras de ampliação, modernização e reforma de quase todas as 11 unidades de refino que já possui em operação. Com isso, o total dos investimentos da estatal em seu parque de refino até 2016 soma US$ 50,4 bilhões, sem contar com possíveis aquisições de novas unidades no exterior.
De acordo com dados fornecidos pela empresa, somente com a ampliação das suas dez maiores unidades, a Petrobras vai aumentar em 989,6 mil barris por dia sua atual capacidade de refino no Brasil. Com isso, os 3,2 milhões de barris de capacidade instalada que ela terá com a construção das novas plantas passarão a 4,2 milhões de barris quando todas as obras estiveram concluídas. A petroleira possui hoje ainda três refinarias no exterior (duas na Argentina e uma nos Estados Unidos), com capacidade total de refinar 181 mil barris diários.
A empresa tem dois objetivos com as obras programadas, tanto das novas plantas quanto das reformas: ampliar a capacidade do parque de refino doméstico, já com vistas à futura grande produção de óleo na camada pré-sal, aumentar a utilização de petróleo pesado produzido nas bacias de Campos e Espírito Santos, assim como a qualidade dos combustíveis produzidos no país.
Exemplo disso é o Pólo de Guamaré, no Rio Grande do Norte, que receberá investimentos de US$ 200 milhões para se transformar na 12ª refinaria da estatal. A companhia já produz no local óleo diesel com teor de enxofre de 1,2 mil partes por milhão (ppm), produto que hoje só pode ser usado fora de áreas metropolitanas (nessas áreas o teor máximo é de 500 ppm).
Com a reforma, além de passar a produzir gasolina, a unidade reduzirá drasticamente o teor de enxofre do diesel produzido, já que a meta da estatal é fornecer diesel com 50 ppm de enxofre a partir de 2010.
A maior parte das reformas programadas no parque de refino da Petrobras está prevista para ficar pronta até 2012. Apenas a nova unidade de craqueamento catalítico (produção de gasolina) da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, está prevista para ficar pronta em 2015. Ela acrescentará à refinaria capacidade para refinar 34.590 barris de óleo por dia e será a quarta etapa da ampliação da unidade fluminense.
A capacidade total da Reduc passará de 242 mil para 352 mil barris por dia. O aumento da produção de gasolina na Refinaria do Planalto (Replan), em Paulínia, no interior de São Paulo, só estará pronto em 2013. A Replan, maior refinaria da Petrobras, passará a processar 545 mil barris de óleo por dia.
O salto nos planos para o refino ganhou mais impulso a partir das descobertas de petróleo em campos gigantes no pré-sal, que levaram a estatal (com incentivo do governo) a acelerar seu planos de aumentar a produção de derivados no país de modo a não se tornar uma exportadora bruta de petróleo, a exemplo de alguns países do Oriente Médio. Este ponto tem sido enfatizado pelo presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli e autoridades do governo.
Ao produzir e exportar combustíveis com baixo teor de enxofre já adaptados à rígida legislação ambiental da Europa e Estados Unidos a empresa quer vender o produto beneficiado. Como resume o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o objetivo da companhia é tornar-se "um grande exportador de derivados porque exportar petróleo não agrega valor ao Brasil". O diretor lembra que mesmo sem as descobertas no pré-sal - que vão ampliar a produção da Petrobras para valores ainda não definidos - a perspectiva já era de produzir mais petróleo e gás do que a atual capacidade instalada de refino, o que explica as obras de modernização em curso.
(O Estado de S. Paulo,
FGV, 06/08/2008)